por Luiz Filipe Tavares

Amigos se unem para ajudar a recuperar um ícone da velha guarda paulista do skate

Veterano do freestyle e figura carimbada do Ibirapuera durante a expansão do skate no Brasil desde o fim dos anos 70, Temístocles "Teco" Jumonji passou por maus bocados nos últimos anos. Enfrentando problemas na sua luta contra a esquizofrenia, agravados pelo abuso de drogas, esse grande skatista das antigas teve 25 anos muito complicados desde seu retorno ao Brasil, em 86. De lá pra cá, Teco foi lentamente desaparecendo dos circuitos de skate, até que finalmente sumiu por completo no início dos anos 90.

Agora, através da ação Skate Por Uma Vida, os amigos de Teco estão se mobilizando nas redes sociais para financiar o tratamento de recuperação do skatista, recebendo doações e organizando leilões beneficentes através do Facebook para levantar fundos que ajudarão na recuperação de Teco. E a iniciativa já está rendendo frutos, apenas um mês depois de começar a circular no boca-a-boca na rede.

"O Teco era um cara de repercussão em São Paulo. Infelizmente, ele não chegou a expandir muito as fronteiras dele no esporte. Ele é um cara que era muito considerado no meio dos Ibiraboys, e se identificava com aquele grupo desde sempre", comentou Cesar Gyrão, editor da revista Tribo Skate, sobre sua relação com Teco. Para este veterano da imprensa do skate brasileiro, o grande lance de Teco era mesmo o caráter, mais do que o skate em si. "O Teco é quase um aristocrata, sempre foi muito educado, mesmo nos momentos em que ele estava na pior. Mesmo na lama, quando ele te via sempre lembrava de umas coisas que aconteceram há mil anos, de uma vez que ele foi na sua casa, de um toque que você deu pra ele." 

Teco foi vice campeão de freestyle amador no primeiro campeonato brasileiro de skate, realizado em Guarantinguetá (SP) no ano de 1982. No ano seguinte, voltou a ser um dos destaques do torneio, mais uma vez disputado no Clube de Campo do Itaguará. Além de passar muitos anos entre a galera que tornou-se figura central do skate nacional, o skatista encarou o desafio de tentar a vida nos EUA, depois de um belo início nos anos 80, quando esteve muito próximo dos cabeças do primeiro boom do skate brasileiro, especialmente na região de São Paulo.

Na época, Teco chegou a ser patrocinado pela Lightining Bolt e pela Hang Loose, ao lado do irmão que também tem nome de filósofo, Aristóteles "Ari" Jumonji. Teco e Ari chegaram a mudar juntos para os EUA, mas Teco voltou depois de alguns anos, já sofrendo as complicações da falta de tratamento de sua doença mental. Na volta, ele ainda chegou a aparecer em uma entrevista para a revista Overall, uma das publicações da Trip Editora, em 1989. Mas foi isso. Atualmente ele está em uma clínica de tratamento em Atibaia, onde recebe cuidados médicos e psicológicos para o tratamento de sua esquizofrenia em tempo integral.

"Quando ele voltou, em 86, ele já estava alterado. Assim que ele voltou, ele foi direto na Galeria do Rock, em uma loja que na época se chamava Bossa Nova. Nesse dia ele ligou para a Yeah!, que era a revista em que eu trabalhava na época, para falar sobre a volta ao Brasil", contou Cecília "Mãe", jornalista especializada em Skate há mais de 20 anos e uma das grandes figuras ligadas à mídia do esporte no Brasil. "E desde então ele nunca mais correu nenhum campeonato. A partir daí ele ficou meio homeless já. Voltou para a casa do pai e foi expulso, algumas pessoas tentavam ajudar dando trabalho mas ele sempre sumia e ele foi ficando pela rua. Foi uma coisa mais opcional dele."

Através da montagem de kits com camisetas, CDs, posters, shapes e outros artigos, com materiais recebidos das mais diversas fontes, os amigos de Teco já conseguiram o suficiente para pagar cerca de 20% do tratamento do skatista. Já com o apoio de diversas pessoas ligadas ao skate, marcas, lojas e alguns amigos de longa data do veterano do freestyle paulista, passo a passo a Skate Por Uma Vida vai alcançando seu objetivo. Quem quiser participar pode ajudar dinheiro, participando dos leilões ou até liberando material como shapes, camisetas, CDs, tênis e outros artigos que possam ser incluidos nos kits que vão a leilão no Facebook.

Os leilões funcionam da seguinte forma: os produtos serão postados, um a um, com foto e detalhes, e os lances podem ser oferecidos na própria foto ou no próprio mural do evento. Cada produto iniciará com um valor mínimo para lance e a duração de cada leilão é de três dias. Qualquer pessoa pode dar seu lance, quantas vezes achar necessária para arrematar o produto. Uma vez fechado o leilão e o vencedor, é negociado a forma de pagamento e entrega do produto. Para acompanhar os leilões, visite a página do grupo no Facebook.

Nesta quinta-feira, 2 de junho, os amigos de Teco vão leiloar uma primeira edição da revista Trip, uma pequena raridade editorial, para os leitores da publicação da casa que gostariam de colaborar com a causa. O leilão entra no ar ao meio dia da quinta feira e fica aberto até o meio dia da próxima segunda, dia 6.

Todas as doações para a campanha vão direto para o pagamento do tratamento de Teco em Atibaia. Para colaborar sem participar dos leilões, envie sua doação em qualquer valor para Agência 4093 da Caixa Econômica Federal, Conta Poupança 013-24731-6, em nome de André Dantas Vieira (um dos organizadores da iniciativa).

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Atualização (13/12):  A evolução de Teco na clínica foi impressionante. Logo abaixo você vê uma foto do antes e depois do início do tratamento. Mas a luta ainda não acabou, continuem apoiando a iniciativa do Skate por uma Vida e ajudem Teco a voltar a ser o skatista que foi no passado

 

Para colaborar com a inciativa:

Leilão no Facebook: https://www.facebook.com/event.php?eid=181710271878495
Depósito em conta: Caixa Econômica Federal - Agência 4093 Conta Poupança 013-24731-6
Site: http://skateporumavida.blogspot.com

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