As aventuras sexuais de um garoto na São Paulo dos anos 70
Nos anos 70, década da minha adolescência, o puteiro da Olga estava na crista da onda. Era, como se dizia na época, a "coqueluche do momento". Uma inteira geração de meninos judeus, tarados estudantes do Instituto Hebraico Brasileiro Renascença, ali foram iniciados.
A Olga ficava num predinho em cima de uma floricultura na rua da Consolação, entre o showroom da fábrica de lustres Bobadilha (adoro este nome: "Bobadilha") e o bar, que pela proximidade com o puteiro era conhecido como o Bar das Putas. Mais tarde, o Bar das Putas virou o Sujinho, famoso pelo seu contrafilé com fritas, frango à passarinho e palmito puxado na manteiga. Mas isso não vem ao caso.
Minha primeira vez foi aos 13 anos. Eu e mais cinco mancebos cabulamos a aula e pegamos o ônibus Avenidas, da CMTC, na rua José Paulino, em direção à Consolação. Eu estava muito nervoso. Tocamos a campainha da Olga várias vezes sem que ninguém atendesse. O rapaz da floricultura disse que tinha rolado uma batida da polícia e a coisa tinha sujado pra Olga.
A solução era atravessar a avenida e ir para a Silmara, um puteiro rival que ficava em cima de uma oficina autorizada dos taxímetros Capelinha. Ali ao lado, nos meados da década de 80, abriram, e logo fecharam, uma churrascaria com o nome absurdo de Boi Berrando. Ao contrário da Olga, que era um puteiro clássico, com várias putas, a Silmara trabalhava sozinha.
Disputamos na base do "dois ou um" a ordem de quem ia primeiro. Fui o terceiro. A Silmara fazia o serviço numa cama, separada da sala apenas por uma divisória feita de lençóis. De fora, ouvia-se tudo o que rolava na cama. Enquanto esperava minha vez, o nervosismo foi aumentando.
Tesão
Finalmente ela me chamou para dentro do lençol. Com um tom apressado de professora impaciente, me mandou tirar a roupa. Eu queria fugir, mas já era tarde. Ela subiu em cima de mim e começou a se esfregar mecanicamente. Mas o negócio não estava funcionando. Em vão, ela tentou várias técnicas reanimatórias. Lá fora, meus colegas ouviam tudo. Tive a impressão até de que eles já tinham começado a gargalhar. A minha vergonha era enorme.
Percebendo a situação, Silmara começou a pular na cama para que as molas fizessem barulho. Ela gritava, simulando múltiplos orgasmos. E nos olhávamos, um para a cara do outro, sorrindo, cúmplices. No final, ela me beijou e disse no meu ouvido: "Volta daqui a um ano". Talvez por vergonha, nunca voltei. Mas, além de ser eternamente grato pela delicadeza e generosidade, trago até hoje um tesão entalado pela Silmara.
Saindo de lá, percebi um novo respeito nos olhos dos meus amigos. Fomos celebrar nossa maioridade sexual na lanchonete Gonçalito, cujo proprietário era o Pedro Rocha, meio-campo uruguaio do São Paulo. Enquanto comia um cheese salada, senti dentro de mim uma enorme angústia, um medo de nunca vir a ser homem.
Nessa mesma época, meu primo Márcio tinha uma fita cassete que era uma paródia pornográfica de programas de rádio. Num falso noticiário, faziam entrevistas com personagens famosos. Por exemplo: um repórter dizia estar entrevistando Rivelino, e perguntava: "Rivelino, foi bom ter dado o cu ontem?". Aí vinha o Rivelino, que dizia (obviamente respondendo a uma pergunta diferente): "Ontem foi muito agradável. Eu adoro esse tipo de coisa?". Passávamos tardes inteiras na garagem do prédio ouvindo o cassete na Belina do meu tio.
Numa espécie de novela de rádio, um sujeito estava querendo transar com uma mulher. Ela se fazia de difícil, dizendo: "Se quiser meter, vai chupar antes porque pra comer a minha feijoada tem que tomar cachaça primeiro". O sujeito topava. A mulher tirava a roupa e ele dizia impressionado: "Mas que boceta cabeluda! Parece até o mapa da Europa!".
Até hoje, sempre que consulto um atlas geográfico, procuro em vão entender esta associação de pêlos púbicos com o continente europeu. Se algum leitor souber onde encontrar a tal fita, por favor, entre em contato comigo.