Carlos Zéfiro está de volta. E além do RJ
?Zé Crioulo deu um empurrão mais forte e senti meu hímem se romper e sua barra escorregar até tocar meu útero.? Bem-vindo ao fino mundo do carioca Carlos Zéfiro, ou melhor, Alcides Caminha, um funcionário público que inventou praticamente sozinho os quadrinhos de sacanagem no Brasil. Ele desenhava (toscamente) histórias com cerca de 40 páginas, na qual imaginava os maiores cruzamentos entre raças, credos e classes sociais. Tudo se resolvia na cama.
As revistas eram publicadas no melhor esquema fanzine: orçamento curto e distribuição precária. Na São Paulo dos anos 40 e 50, eram vendidas dentro de folhetos e publicações religiosas, para ninguém desconfiar do teor do material. Isso valeu o apelido de catecismo ao trabalho de Zéfiro. Os números de vendas estavam longe de serem ruins: em média, a tiragem inicial de cada revista era de 5 mil exemplares. Alguns títulos, como Aventura de João Cavalo e A Pagadora de Promessa chegaram a vender mais de 30 mil. Mas Zéfiro garantia que não ganhava nada com isso.
Agora toda a sua obra será relançada, graças à iniciativa de Adda Guimarães, sobrinha-neta da poetiza Cora Coralina e dona da banca carioca Cena Muda - que virou editora recentemente. Já foram lançadas A Viúva Alegre e A Cobra, todas em papel e edição semelhantes às originais dos anos 50. A novidade é que agora é possível encontrar as revistas fora do RJ. Em São Paulo, a banca Theophilo, na av. Paulista, 620, já vende alguns exemplares a R$ 12. Corra lá e goze em delírio e luxúria.
Coleção Carlos Zéfiro
Ed. Cena Muda, RJ www.acenamuda.com.br
Vá lá:
Banca Theophilo
Av. Paulista, 620, Bela Vista, SP, SP
Tel.: (11) 3285-6907