RIP: Oscar Niemeyer

por Luiz Filipe Tavares

Morre aos 104 anos o maior e mais importante arquiteto do Brasil

Morreu hoje no Rio de Janeiro, aos 104 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer, sinônimo de arquitetura no Brasil. Internado desde novembro no hospital Samaritano de Botafogo, zona sul do Rio, nesta quarta-feira (5), um boletim médico informava que o estado de saúde do arquiteto havia piorado e era considerado grave. 

Nascido no Rio de Janeiro em dezembro de 1907, ele viu o mundo se transformar completamente por diversas vezes, antes mesmo de despontar como ícone da arquitetura nacional. Ele projetou o famoso prédio do Ministério da Educação no centro do Rio, o impressionante conjunto arquitetônico da Pampulha, co-projetou a sede das Nações Unidas em Nova York e causou furor com suas curvas em tijolos de vidro na sede do Banco Boavista carioca, isso tudo antes de completar 40 anos.

Nos anos 50 participou dos projetos do Parque do Ibirapuera, desenhou o famoso Edifício Copan e partiu para o Planalto Central para tirar doi chão seu mais ambicioso projeto até então: os edifícios da então nova capital federal, Brasília. Alí criou o Palácio da Alvorada, o edifício do Congresso Nacional, a Catedral Metropolitana de Brasília e o Palácio do Planalto. Isso sem falar nas grandes obras posteriores como o Sambódromo do Rio de Janeiro, o Panteão da Pátria de Brasília e o Memorial da América Latina em São Paulo.

Na Trip, Niemeyer foi entrevistado nas Páginas Negras da edição #85 da revista [clique aqui pra ler], de dezembro de 2000. Ali, ele falou sobre drogas, envelhecimento e trabalho, quando disse uma frase que viria a ficar famosa anos depois: "Arquitetura é passatempo. A vida é mais importante".

"Arquitetura é passatempo. A vida é mais importante"

"Um homem é como uma casa que eu posso pintar novamente, mudar uma janela ou uma porta. Mas, se o projeto é ruim, não tem solução", provocou o arquiteto, então com 93 anos. "É preciso estar com os pés na terra e perceber que o povo é infeliz, ver que a briga está aí e ver que alguns movimentos merecem apoio".  E revelou um dos segredos da longevidade: "Na minha idade, tem que se ocupar. Não se pode ficar parado num canto. Tem que chamar os amigos para conversar, discutir, fingir que é moço, vivendo e participando"

"Só faço o que gosto e acho que cada um deve fazer o que quer. É um modo de vida."

Em julho de 2001, a Trip trouxe um olhar diferente para a vida de Niemeyer. E nada melhor para mostrar quem é um arquiteto do que mergulhar de cabeça na sua obra. Por isso, na edição #91, nossa reportagem foi conhecer a casa que Niemeyer fez para Amaro Pais Filho, seu motorista de longa data.

Niemeyer foi um grande arquiteto, um personagem profundo e um homem de luta, acima de tudo, que em seus desenhos sonhava com um mundo mais justo e igualitário para ricos e pobres dividirem igualmente. Depois de mais de um século de dedicação, sua memória ficará para sempre registrada através de suas entrevistas e, claro, de suas irretocáveis criações.

 

Leia mais: Oscar Niemeyer nas Páginas Negras, dezembro de 2000

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