RIP Chorão
Paulo Lima, publisher da Trip, fala sobre o início do Charlie Brown Jr.
Chorão / Créditos: Reprodução
Por Redação
em 6 de março de 2013

A Trip lamenta o falecimento de Alexandre Magno Abrão, o Chorão, vocalista da banda santista Charlie Brown Jr. Ele foi encontrado morto em seu apartamento em São Paulo na madrugada desta quarta-feira, 6. A notícia deixou transtornados fãs da banda, artistas e vários atletas do futebol, surf e skate, uma das grandes paixões do músico.
O publisher da Trip, Paulo Lima, escreveu o release do primeiro disco da CBJR, Transpiração Contínua Prolongada, lançado em 1997. E o Trip FM, na época Trip 89, foi o primeiro programa de rádio a veicular músicas do grupo, pelas mãos do radialista Dino Dragone.
Paulo fala sobre sua ligação com o cantor e compositor no início da banda:

“Apesar de nunca ter sido muito próximo deles, eu tive uma ligação com o Charlie Brown Jr. bem no início da banda. Pela proximidade dos caras com o mundo do skate, do surf, da cultura street, etc. Eles me procuraram para me mostrar uma fita cassete com algumas gravações, um tempão atrás. Gostei da energia do som e das letras meio agressivas meio românticas, com uma pegada bem urbana mas, como diriam os enólogos, um retrogosto de maresia. Um tempinho depois, recebi um simpático convite para escrever o primeiro release da banda. Curiosamente em janeiro agora, fazendo uma limpeza geral nos meus arquivos, o papel em que rascunhei o texto passou pelas minhas mãos. Não me lembro muito bem do teor, mas sei que mencionei a energia que a molecada sentia quando fechava uma barca para o litoral. Um monte de moleques cheios de testosterona dentro de um carro, com tudo pela frente, cheios de expectativas, potenciais a serem explorados, coisas pra aprender, mulheres pra conhecer, emoções pra experimentar e riscos, muitos riscos…
De alguma maneira, o Chorão sempre me passou isso. Um cara que se dividia entre uma figura super carinhosa, um sujeito completamente tosco e tomado, tropeçando em equívocos aqui e ali, um romântico carente daqueles que conseguem chorar vendo novela e um legítimo “bad ass” (como diriam os gringos) da Baixada. Todas essas personagens habitavam e se revezavam naquele corpanzil sempre coberto pelas roupas largas e pelos bonés… Uma coisa é certa. O cara viveu em alta rotação, altíssima intensidade. Como se estivesse sempre numa daquelas barcas. Fico triste por saber que zarpou dessa foma tão prematura e brusca. Difícil de entender. Alguém já disse que a morte é a única e definitiva supressora total das angústias humanas. Que seja… Que Chorão descanse…”
Chorão em 1986, no programa “Grito de Rua”:
Chorão no skate freestyle:
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