Rincon em Cabo Verde
Em novo clipe lançado com exclusividade na Trip, Rincon Sapiência apresenta as ondas, os sabores e as cores do país
Sol, mar, danças, sorrisos e sabores. Essas são algumas das imagens gravadas em Cabo Verde e presentes no novo clipe de Rincon Sapiência “Onda, sabor e cor”, que você assiste em primeira mão aqui na Trip. Com fortes batidas de tambor, a faixa está presente em seu último trabalho, “Mundo Manicongo: Dramas, Danças e Afroreps”, e foi inspirada na viagem do rapper ao país, que rolou quando ele participou do Kriol Jazz Festival, em abril do ano passado.
Apesar de já ter ido a outros lugares do continente africano, como Senegal e Mauritânia, a experiência foi especial principalmente por parte de sua família paterna ter ascendência cabo-verdiana. "Eu tinha a música como um canal e a presença no país foi essencial para entender as histórias e o entorno delas", diz. As cenas do clipe também vêm com uma mensagem: "Conseguimos mostrar um pedaço de África sem os clichês e estereótipos equivocados, que muitas pessoas apresentam. E não fizemos isso de forma forçada, porque é a realidade."
Além de contar suas impressões sobre país, Rincon fala para a Trip sobre a potência de se conectar com a ancestralidade africana e indica os artistas cabo-verdianos que ele mais curte. Se liga:
Trip. Como surgiu a ideia de ir para Cabo Verde gravar o clipe?
Rincon Sapiência. Nós recebemos o convite para participar do Kriol Jazz Festival, que rola em Cabo Verde, e foi bem no período que eu estava imerso na construção do disco. O Lubaconstrucktor, DJ que trabalha comigo, também é diretor e, assim, surgiu a ideia. Começamos a pesquisar fotos do lugar e vimos que era muito bonito. Tem também o fato de que, quando fui a uma ilha do continente africano pela primeira vez, fiz poucos registros. Então, já fui com aquela gana de fazer o máximo de registros e a melhor forma que eu encontrei de deixar algo para a eternidade era fazer uma música. Quando confirmei que ia para lá, fui entrando na onda do lugar, da vida, das comidas, e criei a ideia de "Onda, sabor e cor."
Foi sua primeira vez em Cabo Verde? Foi minha primeira vez no arquipélago e, na ocasião, eu conheci duas ilhas, a do Sal e a de Santiago. Mas esse pouco que conheci deu para pegar muita informação sobre, até porque, antes de ir para lá, já consumia alguns rappers e outros cantores cabo-verdianos. Além disso, a a linhagem da minha avó paterna é de Cabo Verde. Isso me fez ter uma curiosidade em relação ao país, considerando que as informações não são fáceis de encontrar. Então, tive a música como esse canal, e a presença no país foi essencial para entender as histórias e o entorno delas.
Quais foram as primeiras sensações que você teve chegando lá? Como todo lugar, lá tem questões, seus altos e baixos. Mas, no geral, vi um povo muito saudável, muito por conta de serem ilhas, das praias, a qualidade do ar, ser um lugar que venta muito. A comida também é muito boa. As pessoas são muito educadas, inteligentes e sabem muito da história de seu país, tanto que me contaram. É um lugar incrível e com pouca grife, mundialmente dizendo, mas se você tiver a oportunidade de conhecer, a experiência é maravilhosa. Foi uma semana de muito aprendizado.
Nas suas letras, inclusive em "Onda, sabor e cor", você fala muito sobre a conexão com a ancestralidade africana. Você sente isso com mais intensidade quando está no continente? Sim, porque sinto o impacto de ver coisas novas, que não conheço, porém que me identifico. De você provar algum sabor que nunca experimentou, mas parece que seu paladar nasceu para prová-lo. E coisas que você já se conecta e percebe que no Brasil também fazemos, também falamos. Comportamentos que muitas vezes são bem semelhantes e mostram como temos essa ligação com a África.
Qual ideia você desejou passar para as pessoas com esse clipe? A grande energia de "Onda, sabor e cor" é que ele é mais orgânico e traz mais a rua, a pulsação do local. É um pouco documental, poético. Além de conseguir mostrar um pedaço de África sem os clichês e estereótipos equivocados, que muitas pessoas apresentam. E não fizemos isso de forma forçada, porque é a realidade. Se você estiver nas ilhas e ligar uma câmera, você vai se deparar com um cenário bonito, um mar bonito, pessoas bonitas, comida boa. Toda ideia que eu tinha do continente africano até eu conseguir visitar era outra. É importante mostrarmos de fato o que representa esse continente e como ele pode contribuir com a gente intelectualmente, no entretenimento, de várias formas.
Quais artistas cabo-verdianos você indicaria para que os brasileiros conhecessem mais a cena musical do país? Dino D'Santiago, eu o conheci em Lisboa, mas já ouvia a música dele aqui no Brasil. Loony Johnson eu conheci lá, que tem pais cabo-verdianos. A Mayra Andrade, mundialmente conhecida. Tem um rapper que se chama Apollo G, que mora na Inglaterra, mas faz um trabalho bem bacana também. Tem uma dupla de rappers, também residentes em Portugal, que se chama Nigga Poison, eles são muito bons.
Créditos
Imagem principal: Carol Jafet