Racismo tem jeito? pinterest linkedin e-mail Trip Trip / Emicida / Racismo / Comportamento por Redação 23.04.2014 Trip #231 O que precisamos fazer? por Redação 23.04.2014 Trip #231 pinterest linkedin e-mail "Desde que a sociedade como um todo se envolva positivamente e expresse vontade política de correção, o processo de mudança pode acontecer. Em primeiro lugar, é preciso cessar o genocídio de jovens negros no Brasil, que é a dimensão mais perversa do racismo brasileiro. Em segundo lugar, é necessário aprofundar a experiência das cotas raciais por um período que torne possível reverter esse monopólio das pessoas brancas no acesso ao ensino universitário. Em terceiro, eu colocaria a solução do gargalo da conclusão do ensino médio, desafio que pode inviabilizar o acesso à universidade. Outra questão crítica é a sensibilização do mundo do trabalho e empresarial. É lá que está a maior restrição à mobilidade social dos negros, é onde prevalece a brancura como pré-requisito para o acesso às melhores ocupações. A brancura é tão importante quanto o diploma nesses casos", Sueli Carneiro, 63 anos, coordenadora executiva e uma das fundadoras do Geledés – Instituto da Mulher Negra Crédito: Jorge Araujo/Folha Press "Com exceção da morte, tudo tem jeito, mas não existe uma solução a curto prazo que extermine o racismo, como mágica, da realidade brasileira. O que existe são ações afirmativas, como as cotas nas universidades, que não acabam com o racismo, mas aumentam a inclusão. E é a inclusão que vai diluir o racismo até o dia em que ele não puder mais lesar, violentar e até mesmo assassinar as pessoas não brancas da sociedade brasileira. São séculos de perseguição racista e de um apartheid sofisticadíssimo. A solução requer sensibilidade e dedicação profundas, que infelizmente não vejo em nossos políticos nem na sociedade como um todo. Não que a grande maioria da sociedade seja constituída por pessoas racistas, mas a grande maioria das pessoas é omissa perante o racismo, tornando-se assim cúmplice, conivente com ele. Todo silêncio perante a injustiça é violência", Emicida, 28 anos, rapper Crédito: Divulgação/ênio César "Sim, tem jeito. No dia em que o sistema educacional brasileiro for capaz de tratar a questão sem hipocrisia e alguns malucos da mídia deixarem de bater na tecla de que não há racismo no Brasil", Juca Kfouri, 64 anos, comentarista esportivo Crédito: Arquivo Pessoal "Por ora, e ainda por muito tempo, o que se pode fazer contra o preconceito racial é reprimi-lo. Fazer os racistas engolirem a sua pretensão de superioridade ou pagarem por ela, o que até hoje a velha Lei Afonso Arinos não conseguiu nem levemente. É preciso, também, atentar para o fato de que o racismo não é só de brancos em relação a negros e mestiços. Há racismo também de brancos em relação a brancos. E desigualdade econômica intensa resulta em uma forma de preconceito infiltrado também de racismo, como se a pobreza decorresse de uma inferioridade humana, um grau menor de qualidade da “raça branca”. O racismo é uma constante histórica no Brasil, uma constante do ex-escravagismo que a República não combateu, pela educação e pelo desenvolvimento cultural. É o que precisamos começar, enfim, a fazer", Janio de Freitas, 81 anos, colunista da Folha de S.Paulo Crédito: Arquivo Pessoal "Tem jeito. É necessária uma postura ativa de esclarecimento, conscientização e combate a esse tipo de manifestação. E é imprescindível construir uma cultura de valorização da diversidade, com a consequente integração e valorização da relação entre negros e brancos, e da diversidade racial no país", José Vicente 54 anos, advogado e sociólogo, é reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, única universidade de maioria negra no país Crédito: Juliana Knobel/Frame/Folha Press "Não podemos conceber o Brasil como país desenvolvido com o racismo no centro de sua sociedade. Se for encarado com investimento na educação, na formação que valoriza a diversidade e com uma aplicação dinâmica da legislação contra crimes de racismo, seguiremos avançando. Teríamos um país onde seria natural que pessoas – independentemente da tonalidade de suas peles –fossem empregadas domésticas, médicas, ministras ou presidente da República", Michel Chagas 32 anos, mestre em políticas de desenvolvimento internacional pela Duke University. É membro do Instituto Steve Biko Crédito: Arquivo Pessoal "Em todas as profissões que existe trabalho que paga mais não tem negro. Se você for numa reunião de médicos, não vai ter negro. De engenheiros, não vai ter negro. De jornalistas, não vai ter negro. Eu entrei na redação da Trip uma vez e não vi negros. É isso que eu vejo o tempo todo, isso me choca constantemente, aonde eu vou. As pessoas acham que isso é muito normal, mas não é. É preciso acabar com o racismo", Paulo Lins, 55 anos, escritor Crédito: Fabio Rossi/AG O Globo "Quantos professores negros existem na USP, na Unicamp ou na Unesp? Quantos médicos negros existem nos melhores hospitais de São Paulo? Quantos negros engenheiros, arquitetos, jornalistas e publicitários circulam por escritórios, redações e agências em São Paulo ou no resto do Brasil? A resposta é: poucos. A solução está na educação. Só ela pode e só ela está fazendo aos poucos essa mudança em nossa sociedade", Wilson Simoninha, 49 anos, cantor, filho de Wilson Simonal Crédito: Divulgação/Rafael Kent anterior proxima publicidade publicidade publicidade continuar lendo publicidade publicidade NÃO DEIXE DE LER Leony Pinheiro: o breaking na Olimpíada João Gomes: O rap é a minha maior escola À deriva no oceano do racismo e do ódio anterior proxima publicidade