Política em revista

por Paulo Lima
Trip #191

Nesta edição, um olhar diferente sobre um dos temas mais discutidos no momento

1990. Faz apenas vinte anos. Não é muito.

A Trip já tinha quatro anos de vida. O Brasil já aparecia nos radares mais afinados do planeta desde muito. Naquele ano cabalístico, elegemos com mais de 35 milhões de votos uma figura de 40 anos de idade chamada Fernando Collor de Mello. Na peça protagonizada por ele, certos atores compunham o elenco de frente. Vamos a alguns nomes: Zélia Cardoso de Mello, Bernardo Cabral, ACM, PC Farias, Antonio Rogério Magri, Paulo Salim Maluf...

2010. Os três candidatos principais numa das mais estratégicas eleições da história da república têm (gostemos ou não dos estilos e convicções de cada um deles ou mesmo dos três) ideários, perfis e biografias consideravelmente diferentes dos nomes mencionados acima.

O país conseguiu - há quem defenda que em grande medida por consequência direta da ressaca produzida pelo nefasto "fenômeno Collor" - avanços consideráveis em todos os campos. Basta oferecer um único e menos comentado dado: no mencionado grupo de três candidatos à presidência, dois são mulheres. Como nunca antes na história deste país.

É fato, vários dos nomes do elenco lá em cima continuam rondando a cena. Há até quem incrivelmente possa e deva ser reeleito nos próximos meses.

Dá certo desgosto...

Mas, aqui, é inevitável usar a (já roída pelo uso, mas ainda indispensável) frase do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, um observador do mundo que nos serve de referência desde o primeiro editorial publicado nesta página em 1986: Quem não gosta de política é governado por quem gosta.

Para seu governo, nós gostamos de política e demos aqui nossa interpretação livre a mais uma ideia inspiradora escrita por outro pensador admirável, Carlos Drummond de Andrade: Esse é tempo de partido, tempo de homens partidos.

Outra vez fizemos o que gostamos de fazer com as ideias que nos atraem. Abrir a embalagem e olhar para tudo o que pode voar de dentro dela. Nossa intenção, como já havíamos experimentado no bem-sucedido Festival de Política que promovemos no ano passado, foi capturar o olhar político para a vida, usando o humor, a música, a fotografia, a sensualidade, a fama, a tecnologia e até a chamada política convencional, na tentativa de ajudar a clarear um pouco o entendimento desse complexo e riquíssimo momento de revolução em que estamos metidos, aqui no país e num mundo em que a própria noção de país está sendo revista.

Paulo Anis Lima, editor

P.S.: Dia 27 de outubro, teremos a quarta edição do Prêmio Trip Transformadores, uma reunião de gente que faz e gosta de política. Nos melhores sentidos da palavra.

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