POEMETOS PERDIDOS
Por que
Naquela época eu já perguntava
Os entardeceres eram melancólicos
O céu se enchia de sangrentos âmbares
Ficava ali a contemplar, perdido
Em tentativas de entender o porquê
Porque não sei de que
Talvez porque tudo era triste
A dor parecia uma lágrima interminável.
Não sei por que aquela nostalgia
Aquela dorzinha fininha me fazia bem
Torcia para que as tardes chegassem logo.
***
Paz
Não sei se te invejo
Ou te desprezo
Você tem paz
Eu não tenho.
***
A Máquina
Invejo a máquina
É completa em si
Começo, meio e fim
Eu vivo a me rasgar
Abrindo-me sem me entender
Negro, obscuro e insaciável
Meu começo se perde em meus fins
E o fim é tudo aquilo
Que esta longe de chegar.
***
Igualdades
Não somos o mesmo
Somos a diferença entre nós e o outro
Exatamente aqueles que vieram
Para se tornarem o que são
Nos definimos por diferenças
Jamais por igualdades
Igualdades nos reduzem ao mesmo
Que não somos.
***
Pelas Orelhas
Às vezes me cato pelas orelhas
E, aos empurrões
Ponho-me nos eixos.
Não é fácil ser eu mesmo
Às vezes prefiro ser
Meu cachorrinho.
***
Nascimento
O céu de chumbo pesava sobre tudo
E testemunhava, na manhã gelada
A ambulância vermelha e branca
Gritando, gritando:
Saiam da frente, saiam da frente...
Gente em risco de vida!
O hospital abriu mais um leito
E no berçário, novamente
A vida chegou...
***
Pressão
Se você tirar o pé
De meu pescoço
Quem sabe
Eu possa respirar.
***
México
Abram-se as covas
Cavem-se sepulturas
A morte esta chegando
No México
Mais uma guerra foi declarada...
***
Luiz Mendes
02/06/2010.