Escolhemos ajustar um pouco mais os contornos das lentes este mês, mantendo o foco no peso corporal
Qualquer que seja o tema definido para orientar uma edição da Trip, uma coisa é certa: nossa tentativa será sempre de ligar todas as câmeras em volta dele de modo que a compreensão de seus significados seja a mais aberta e ampla possível. Assim, aquilo que poderia equivocadamente se tornar uma amarra vira uma espécie de alavanca criativa que nos projeta com força maior para um espaço arejado e diverso, mas sempre inspirado por um foco de interesse, com algumas fronteiras desenhadas.
Seguindo essa lógica, o assunto "peso" permitiria leituras bastante plurais. O momento do Brasil, por exemplo, atravessando uma das crises mais agudas e preocupantes de sua história, daria boa margem para que falássemos sobre o ar pesado que se respira no momento por aqui (e cabem muito bem nesse caso os dois sentidos da expressão, literal e figurado). É provável que tenhamos um grau de baixo-astral pairando nos ares nacionais nunca antes sentido na história do país.
Mas deliberadamente escolhemos ajustar um pouco mais os contornos das lentes este mês, mantendo o foco no peso corporal. Fincar a ponta seca do compasso ali e traçar um círculo de bom diâmetro (mas não grande demais), para que não perdêssemos de perspectiva alguns assuntos que afetam uma gigantesca parcela da população de qualquer grande cidade do Brasil e possivelmente do mundo.
Assim, o sofrimento impingido a pessoas gordas e desencaixadas do chamado “peso ideal”, por exemplo. A silenciosa e implacável revolução da tomada de consciência alimentar que já começa a impactar toda a cadeia mundial e a mover paquidermes corporativos até pouco tempo inertes diante das epidemias causadas pela produção e consumo de lixo comestível em larga escala. A sensualidade de quem não combina com os ditames das planilhas do IMC; as estratégias que a ciência tem apresentado para aplacar o sofrimento de quem até outro dia nada podia fazer contra a obesidade mórbida. Os excessos cometidos por conta da paranoia e da ignorância em relação a peso, alimentação, forma física e saúde e até o tsunami de programas de TV sobre comida. Assuntos como esses tomam agora todas as frentes em que atuamos.
Nas páginas a seguir; na televisão aberta (nosso programa Trip TV comemora em breve, com orgulho, seu primeiro aniversário na grade da TV Bandeirantes); no rádio; nas redes sociais; nos sites; e nas outras plataformas digitais: vamos mais uma vez fazer o que adoramos, trazer você para a nossa mesa juntando a fome com a vontade de comer.
Paulo Lima, editor