O septuagenário Dusan vira mascote da noite paulistana ao suar a camisa na balada
Quinta-feira à noite, o clima de ferveção começa a dominar a rua Augusta. Entre a rapaziada sedenta por badalação, está Dusan Zivaivovic, um senhor boa-pinta caminhando cheio de charme em direção ao Vegas, clube que frequenta “três ou quatro vezes por semana” e onde se transformou em uma espécie de mascote.
Do porteiro ao barman, passando pelas meninas modernas e pelos rapazes de piercing, Dasun é carinhosamente cumprimentado por todos quando chega ao local, sempre depois da meia-noite: “Chego tarde porque é a hora certa pra dançar, no sábado o bom é só às quatro. Me sinto jovem com a molecada”. O economista do signo de Libra e cabelos penteados com gel só não revela a idade (embora as contas da reportagem indiquem mais de 70 anos): “Você não quer mesmo saber, continuo me sentindo com os meus 21 anos”, diz.
Rebolado eletrônico
Dusan passa a noite dançando, se esbalda na pista de música eletrônica enquanto toma um ou outro gole d’água. Só água. Galanteador, o senhor baladeiro aceita uma conversa do lado de fora do clube, enquanto tenta acariciar os cabelos da repórter. Não sem antes ser reconhecido até por quem passa de carro no outro lado da rua. “E aí, Dusan?”, grita o motorista. A fala corre solta sobre diferentes temas, como política, filosofia, história e geografia. Dançarino de rock, chama a atenção de todos quando começa o rebolado. A cena inclui um pequeno striptease, e o ápice fica por conta da mordida na ponta da camiseta, que, enrolada, revela a barriga em forma. “Já dancei até com unha encravada e artrite”, conta orgulhoso antes de continuar: “Mesmo no inverno tive que torcer minha blusa, fiquei suado de tanto pular”.
Quando garoto, Dusan arrastava os móveis da sala, colocava música e deslizava os pés no chão liso. “Naquele tempo não tinha cera, por isso escorregava de um lado para o outro e acabava balançando as cadeiras.” Na adolescência, durante os bailinhos, procurava sempre a menina mais bonita e a convidava para a pista. Paquerador, já passou por três casamentos. Nos dedos das mãos, quatro anéis reluzentes, “presentes das moças que me conheceram no bar”. Esse estilo Dusan na maneira de aproveitar a vida, como se não houvesse amanhã, é a causa de tanta energia? “As pessoas me julgam pelo pé, mas minha cabeça é muito melhor.”