Participação
Ainda sou por pensar que a solução para quase todos os problemas sociais esta na união das pessoas em comunidades para resolvê-la. Não podemos continuar delegando poderes, deixar como resolvido e esquecer. Já não deu certo. Sozinho, o Estado provou-se incompetente. Pode ter até dado certo em alguns países. Mas estamos falando de Brasil que nós, brasileiros, conhecemos muito bem. Esse caldo cultural de riqueza efervescente proveniente de todas as raças e culturas humanas aqui reunidas em permanente formação.
Aquela conversa de Lord Acton sobre o fato de que o poder corrompe necessariamente, parece, aqui se confirma. Sem a intenção de acrescentar, mas já acrescentando, eu diria que a falta de poder corrompe mais ainda.
Durante a Ditadura Militar, o poder foi completamente delegado aos diretores nas prisões do país. Esses criaram a lei do Cano de Ferro para espancar. A lei da cela-forte insalubre que podia durar anos. E o isolamento total no anexo à Casa de Custódia. Insensatamente, suprimiam todo poder que ainda restava ao preso sobre si mesmo. Foi a absoluta falta de poder que deu origem ao PCC. Ninguém se importava com o preso, as prisões eram impedidas ao público. A única alternativa era a união para combater a opressão máxima a que estavam submetidos. Claro, ninguém poderia prever as consequências. A capacidade criativa do homem quando desafiada, é imprevisível e, incontrolável. Nem os fundadores, quase todos brutalmente assassinados, possuíam idéia do desenvolvimento do que haviam criado.
Voltando, o problema é que sempre haverá pessoas com dividendos se recusando a participar porque ainda podem usar de seus recursos para se livrarem dos males sociais. Mas tais recursos jamais serão suficientes para cercar a capacidade inventiva do homem diante desafios. Os condomínios fechados e os prédios com segurança de nível internacional estão sendo atacados. Não são mais quadrilhas e sim bandos de 30, 40 pessoas muito bem armadas que fazem verdadeiros arrastões.
Acredito que se nos unirmos, colaborarmos quando necessário, fiscalizarmos sistematicamente e exercermos pressão sobre os órgãos sociais do Estado, podemos criar uma cultura de participação que, com o tempo pode fazer a diferença em nosso país. Não estou dizendo nenhuma novidade, eu sei. As ONGs, os Institutos estão ai há décadas lutando bravamente por tais ideais. Não podemos mais viver alienados, delegando poderes sem exigir, sem cobrar realizações. Por mais seja cansativo; todos nós trabalhamos, temos nossos compromissos, é preciso dar mais um pouco. Será o cuidado que tivermos com as coisas de nosso país e nosso povo que nos fará amá-lo cada vez mais. Não vejo nenhuma solução diferente, embora essa pareça tão ingênua e até requentada.
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Luiz Mendes
16/12/2009.