Mel Lisboa reencontra o tesão na profissão de atriz encenando peça na região central de SP
A atriz Mel Lisboa andava “achando tudo frívolo” quando descobriu um novo sentido para a carreira: a companhia de teatro Pessoal do Faroeste, na região de São Paulo conhecida como Cracolândia. Foi entre prostitutas e craqueiros que ela reencontrou “o tesão na profissão”. Aos 31 anos, a gaúcha se prepara para encarnar uma prostituta-matadora na peça Homem não entra, com estreia em maio.
O espetáculo reconstrói o 30 de dezembro de 1953, quando um decreto deu fim à zona no Bom Retiro, obrigando as garotas a irem para a Boca do Lixo. A rua do Triunfo, onde ensaiam, parece mesmo faroeste à noite, mas Mel tem gostado da experiência: sair de onde mora, na Vila Mariana, e ir para a área degradada é para ela um ato político. “É preciso ocupar o espaço.”
O público nem sempre está preparado: no Carnaval, quando a trupe saiu com o Cordão do Triunfo, a atriz lembra do olhar assustado de uma espectadora. “A gente não vai passar por ali, vai?”, perguntou. “Ah, vai!”, disse Mel – e lá se foi para o meio dos ‘“noias”.