Quando se confunde filmagem real com animação por computador e ficção com realidade
Hoje, o limite técnico da computação gráfica e fundos quase inacabáveis de produção de artes digitais não são mais o suficiente para a indústria de games. Por isso que o trabalho de Paul Furminger e Jean-François Dugas, da produtora Eidos Montreal, é tão irrepreensível. Na produção de um dos jogos de maior sucesso da casa, Deus Ex: Human Revolution, a dupla e toda a equipe de criação digital da gamehouse cruzaram o limite entre o real e o gerado por computador, usando filmagens e atores de verdade na produção da arte de abertura do jogo.
Em entrevista ao site The Art of Title, a dupla responsável pela criação do título comentou a dificuldade de mesclar elementos reais com os gerados por computador, especialmente em um nível tão próximo da perfeição como no mais recente sucesso da Eidos. Ali, logo nos primeiros minutos de jogo, fica impossível distinguir as filmagens da CGI, em uma mistura de tecnologias que engana até mesmo aos olhos mais treinados por anos e anos de contato com os videogames.
Em Deus Ex: Human Revolution, a história começa com o protagonista, Adam Jensen, passando por uma imensa e invasiva cirurgia. Vítima de um ataque, o personagem acaba à beira da morte e precisa ter seu corpo totalmente reconstruído com tecnologia robótica. A operação que salva a sua vida e sela seu destino é o cenário principal da abertura do jogo, que já é uma das mais grandiosas e impressionantes de toda a história dos games.
"O objetivo sempre foi misturar sem emendas a computação gráfica e as filmagens reais, visando criar uma visão surreal e etérea da operação", comentou Furminger durante a entrevista. "Trabalhei com Scott, nosso designer de produção, para encontrar elementos que caberiam no ambiente já definido pelo trabalho da computação gráfica. Muitas vezes, Scott partiu do zero para criar ferramentas cirúrgicas futurísticas, quase sempre usando peças de computadores, aparelhos domesticos, ferramentas de alta performance e até equipamentos médicos."
"Nós criamos regras simples para a composição(...) Primeiro, sempre fotografamos pensando na composição entre preto e dourado, sabendo que toda a parte preta seria modificada na pós-produção, com leves toques de ciano sempre que possível. Depois, sempre acendemos as luzes diretamente em direção à câmera, afinal há muitas luzes brilhantes no futuro", diverte-se Paul Furminger. "Só na sequência final foram 25 tomadas. Dessas 25, 14 são filmadas de verdade e só nove são criadas por computador."
Quando perguntados sobre as influências que os levaram a fazer a abertura dessa maneira, os criadores do jogo concordam em três nomes: a abertura do seriado The Six Million Dollar Man, a do influente anime Ghost In The Shell e o clipe para "All is full of love", da cantora islandesa Bjork, dirigido por Chris Cunningham.
Logo abaixo você vê a abertura de Deus Ex: Human Revolution, terceiro jogo da fraquia Deus Ex, uma das mais populares da gamehouse Eidos Montreal. A abertura do game em alta definição e a entrevista completa você vê no The Art of Title.
Bonus: aproveite e assista abaixo dois vídeos citados por Paul Furminger e Jean-François Dugas como grandes influências para a produção da abertura do jogo
Abertura do anime Ghost In The Shell
Bjork - "All is full of love"
Vai lá: www.artofthetitle.com