Em meio à onda folk, o americano radicado na Espanha Josh Rouse aporta pela primeira vez no Brasil
Josh Rouse é um desses artistas que sofrem de incontinência criativa. Desde 1998, quando debutou com o excelente Dressed Up Like Nevasca (1998), foram mais de dez discos, todos eles mantendo a linha tênue entre o homogêneo e o distinto, alcançada por poucos artistas.
Difícil explicar em palavras essa equação aparentemente sem sentido, fica mais fácil ouvir a extensa discografia de Rouse, a começar pelo álbum supracitado e seguir a cronologia criativa do compositor com Home (2000), Under Cold Blue Star (2002), 1972 (2003), The Smooth Sounds of Josh Rouse (2004), Nashville (2005), Subtitulo (2006) e Country Mouse City House (2007). Isso sem contar os EPs Bedroom Classics e seu projeto paralelo Chester, em companhia de Kurt Wagner, do Lambchop.
Fã de Jorge Ben e música brasileira, Josh Rouse trocou sua Nashville pela Espanha, onde foi fisgado por sua atual companheira, Paz Suez, e que resultou no projeto She's Spanish, I'm American.
Prestes a desembarcar pela primeira vez no Brasil, para duas apresentações, dia 15/08 no Sesc Vila Mariana e dia 16/08 no Festival Mada (Natal/RN), o artista reservou alguns minutos de sua calmaria espanhola para trocar algumas palavras com a Trip.
Depois dessa mudança para a Espanha, parece que sua inspiração foi renovada. Isso foi crucial para seu processo criativo?
É muito mais do que isso. Aqui eu tenho mais tempo para pensar, a vida funciona em um ritmo mais lento, sobra tempo para trabalhar as músicas. É um lugar bastante relaxante, mas eu não sei o quanto isso reflete na minha música, acho que a música brasileira influencia muito mais.
Falando em música brasileira, você é um fã confesso de Jorge Ben, né?
Eu definitivamente sou fã dele, gosto bastante de sua música e de todos os seus discos. Gosto muito dessa influência do jazz na música brasileira.
Em uma entrevista, Nikki Sixx (baixista do Mötley Crüe) disse que gosta de ouvir suas músicas quando acorda, o que você acha disso?
É engraçado, porque ele toca numa banda de heavy metal, e quando eu era criança ouvia bastante Mötley Crüe, eles eram bem populares na época. Saber disso é realmente engraçado...
Como foi que você conheceu Paco Loco, seu atual parceiro de composições?
Foi através de um amigo espanhol. Ele disse que Paco tinha um ótimo estúdio no sul da Espanha e fui lá para gravar somente um disco. A partir daí nós começamos a trabalhar juntos, ele meio que produz todas as minhas músicas também.
Sua esposa, Paz Suez, vem com você? Podemos esperar algumas músicas do She's Spanish, I'm American?
Não desta vez, talvez em uma próxima visita. Somente minha banda e minha empresária estão vindo comigo.
Em seu último EP, Bedroom Classics vol. 3, há uma versão de “Chloe Dancer/ Crown of Thorns”, do Mother Love Bone. Está batendo uma nostalgia geral do grunge nos artistas? Algum motivo especial para ter escolhido essa música?
Quando eu estava vivendo na América, o grunge era muito popular, com Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains. Era a música que nós gostávamos, e, quando eu estava no estúdio gravando, comecei a tocar “Chloe”, sem nenhum motivo especial, e sim sentimental, algo que me faz lembrar de quando era mais jovem.
Você vem ao Brasil em turnê de seu último disco, Country Mouse City House (2007). Há alguma chance de os fãs ouvirem músicas do Home, seu único disco lançado por aqui?
Faz muito tempo que não toco nada do Home; vamos tocar mais músicas dos meus últimos dois ou três discos, algumas do 1972, e mais do Country Mouse City House.