Não vou de táxi, cê sabe

por Augusto Olivani
Trip #230

Depois de percorrer a Europa só pegando carona, a artista Aline Campbell repete a experiência pelo Brasil

No ano passado, ao embarcar para a Europa sem dinheiro algum, a carioca Aline Campbell, 24 anos, não queria provar que era capaz de suportar qualquer perrengue, mas que ainda é possível confiar nas pessoas. Ao longo de 92 dias, ela passou por Holanda, França, Inglaterra, Itália, Alemanha, República Tcheca e Sérvia, sempre percorrendo o trajeto no banco do passageiro de carros e caminhões, o que fez mais de 50 vezes. Depois de voltar ao Brasil, não demorou para ela pegar a estrada de novo com o mesmo propósito. O plano era ir do Rio de Janeiro até o Maranhão pela costa, mas já mudou no meio do caminho. 

Onde você está agora? Em Minas Gerais, e na verdade não sei qual será meu próximo destino. Comecei esta jornada no dia 1º de fevereiro, quando fui para Indaiatuba (SP) buscar o Saga, meu cachorrinho e companheiro de viagem. Depois fiquei uns dias em Sana e Cabo Frio (RJ), Juiz de Fora (MG), e agora escrevo de São Thomé das Letras. Não tenho data para voltar ao Rio.

Você batizou este projeto de viagem de Open Doors. Como tem sido a versão brasileira? Portas Abertas é como eu chamo um conjunto de ideais nos quais acredito sobre ser uma pessoa mais aberta ao mundo, basicamente. Estou viajando com dinheiro desta vez, mas ainda pegando carona nas estradas (sim, com o cachorro) e também ficando na casa de desconhecidos. Uso bastante o Couch Surfing (rede social onde você pode oferecer o sofá de casa para viajantes e/ou “surfar” no de outra pessoa), mas tem as pessoas que encontro pelo caminho e os convites que surgem na página do projeto (www.facebook.com/alinecampbellopendoors).

Qual a maior aflição de quem está esperando carona? O tempo, mas isso não me atinge mais. Não me importo se tiver de esperar 1 ou 10 horas por uma carona. Na verdade, eu nem sinto mais o tempo passar. Aprendi a deixar as coisas acontecerem, no seu passo.

Como ser um caroneiro bem-sucedido? Confiança é a chave. Acredite no bem e confie no outro. Viver com o mínimo possível é essencial também, carregue somente o necessário – e o necessário, acredite, cabe numa pequena mochila de viagens. Na hora de ir para a beira da estrada, tenha coragem e use uma placa, mesmo que seja com uma seta desenhada, para facilitar a identificação. E seja paciente, cedo ou tarde um automóvel irá parar.

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