Na estrada, a mil por hora

por Ariane Abdallah

O monólogo Kerouac, sobre a vida louca do autor do clássico beatnik On the Road, reestréia em São Paulo

Se você procura um programinha light para uma segunda-feira pós-feriado, nada a declarar. Mas se estiver bem do estômago e com pique para tocar em feridas, a boa é a reestréia da peça Kerouac, com o dramaturgo Mário Bortolotto. Ele só não é um beatnik por uma questão técnica.

Se tivesse nascido uns vinte anos antes, nos Estados Unidos, provavelmente faria parte da geração de escritores que promoveram a contracultura nos anos 50 e 60. Intelectuais e artistas que pregavam a liberdade e viajavam de carona para depois confessarem, sem cortes, essas experiências em livros, regados a doses de uísque e blues.

Esta noite, Bortolotto encarna o “rei” dos beats, Jack Kerouac (autor de On the Road), com a entrega, a sinceridade e a devoção de quem se confunde com o personagem. E nos faz cúmplices de uma violenta declaração de amor.

Ao mostrar os últimos dias de vida do escritor, a peça quase não tem respiro – e mal nos deixa respirar. Bortolotto, quer dizer, Kerouac, dispara sua amargura contra escritores e editores, feito uma metralhadora bêbada. É um soco no estômago atrás do outro. “A minha intenção é acompanhar o movimento da escrita do cara. Um fraseado jazz ininterrupto e insano. O acalmar súbito pra detonar um gole de Jack Daniels e retomar o massacre”, define ele.

O texto é de Mauricio Arruda Mendonça e a direção do consagrado Fauzi Arap. Embora pareça improvável, Bortolotto sobrevive ao fim da peça. Até porque, segunda-feira que vem tem mais. Desta vez, serão apenas cinco apresentações, no Espaço dos Satyros 2, em São Paulo.

Afinal, como dizia sei lá quem, a sabedoria passa pelo excesso. 

Vai Lá:

  • Endereço: Espaço dos Satyros 2, Praça Roosevelt, 124.
  • Quando: de 16 de outubro a 13 de novembro, segundas-feiras, às 21h.
  • Preço: R$ 20.
  • Informações: (11) 3258 6345.
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