Ricardo Guimarães: ”Hoje, na sociedade do conhecimento, é o futuro que chega até nós”
Caro Paulo,
Daqui a dez anos eu terei 72, se Deus quiser. Porque, se Ele não quiser, não adianta eu querer.
Nesse embate de quereres, o mais inteligente é entender a vontade dele, seja ele quem for. Pois será do entendimento dessa "vontade divina" que virão as grandes transformações dos próximos tempos.
E estamos indo bem nessa tarefa. A ciência está cada vez mais perto das perguntas essenciais sobre a vida. Como a vida acontece? Como ela funciona? É possível ter total controle sobre a vida? Como ter uma vida boa?
Problema: quanto mais perto a gente chega dessas respostas, mais poder a gente tem sobre a vida que a gente ainda não conhece totalmente.
Conclusão: junto com o poder sobre a vida cresce o risco das besteiras que podemos fazer com ela e aí comprometer o nosso futuro. Podemos destruir a vida neste planeta - seja pelo desequilíbrio ambiental, seja pela violência social - usando de forma ignorante/arrogante o poder que acumulamos com o progresso da ciência e da tecnologia. Ou podemos criar condições de usufruir de uma vida inteligente, divertida e bonita, como um dia imaginamos.
Poder divino
Por trás destas duas alternativas - vida em risco ou vida protegida - está o amadurecimento do ser humano na sua relação com os limites que viabilizam a vida.
Como esse amadurecimento é muito difícil de medir e como a velocidade com que ganhamos poder sobre a vida é muito grande, previsões seguras sobre o futuro são inviáveis. E aí só nos resta trabalhar para que a nossa consciência ande na frente da nossa competência. E é disso que eu gosto. Como ampliar nossa consciência sobre a relação com o tempo, em particular o tempo futuro?
Aprendi com Richard Norman, autor de Reframing Business, que antigamente o mundo era tão lento e estável que a gente chegava ao futuro; mas hoje, na sociedade do conhecimento, é o futuro que chega até nós. Ele explica: atualmente nosso poder de criar é tão grande que nossa imaginação faz o futuro acontecer antes. Foi assim, usando esse poder de criar, que Bill Gates e Larry Page trouxeram o futuro para o nosso presente, mudando surpreendentemente a história da humanidade.
É legal ter consciência desse poder e saber usá-lo.
Mas tem gente que não acredita no poder de antecipar o futuro desejado ou tem preguiça de trabalhar por isso.
Para esses eu tenho uma proposta: admita que ter entusiasmo ou medo do futuro determina o tipo de presente que se vive hoje. Consciente dessas duas alternativas, escolha não lamentar a imprevisibilidade do futuro nem alimentar o medo dessa imprevisão. Escolha o entusiasmo e você vai experimentar o poder extraordinário, para não dizer divino, de mudar o futuro do seu passado.
Eu podia continuar essa conversa que está ficando perigosamente com jeito de autoajuda. Mas, graças a Deus - aí está ele de novo -, o limite de tempo e espaço me obriga a parar. A vida como ela é, mais sábia que nós.
Beijo e saudades do amigo,
Ricardo
*Ricardo Guimarães, 62, é presidente da Thymus Branding. Seu e-mail
é rguimaraes@trip.com.br e seu Twitter é twitter.com/ricardo_thymus