Conheça a ioga que vai muito além do além
Fisiologicamente, os batimentos cardíacos não são controlados por nossa vontade, mas pelo sistema nervoso autônomo. É fácil de entender. Imagine se tivéssemos que mandar o coração bater toda hora que nosso corpo necessitasse de suprimento de sangue. Não seria tarefa fácil. Para isso que existe esse sistema. Então, só podemos concluir que ninguém controla os batimentos cardíacos. Certo? Errado!
Em 1973 o Indian Journal of Medical Research publicou um artigo científico fascinante, capaz de deixar qualquer "sistema autônomo" de cabelo em pé. A experiência havia sido realizada na presença de três pesquisadores e uma legião de fãs de um iogue franzino, de 60 anos de idade, conhecido como Satyamurti.
Ele estava disposto a dar uma prova de sua capacidade de controle sobre seus batimentos cardíacos. Foi colocado nu dentro de uma cova de 1,5 metro cúbico, que foi completamente lacrada por tijolos e coberta com cimento, onde ele permaneceu durante oito dias, com toda a atividade corporal reduzida, ou, como ele próprio definiu, "samadhi", ou estado de meditação profunda. No canto da cova, foram colocados 5 litros de água que, de acordo com o iogue, era só para manter o ar úmido.
Um aparelho de eletrocardiograma foi utilizado para monitorar o iogue nos oito dias do estudo. Os traçados registrados antes de fechar a cova eram normais, mas, logo após o fechamento da cova, uma taquicardia apareceu e aumentou até alcançar uma freqüência cardíaca de 250 batimentos por minuto. Às 17h15 do segundo dia, quando o iogue já estava na cova há 29 horas, o traçado do eletrocardiograma indicava uma linha reta, ou seja, sem atividade, morto. A ausência de atividade elétrica do coração persistiu até a oitava manhã. Foi quando o coração voltou a bater, meia hora antes do horário de a cova ser aberta.
Quando a cova foi aberta no oitavo dia, o iogue estava sentado na mesma posição de quando a cova foi fechada. Um dos pesquisadores correu para examiná-lo. Ele estava em estado de inconsciência e muito frio (temperatura interna de 34,8 °C). Tremeu muito por duas horas. Em seguida fizeram um novo eletro no laboratório. Confirmado: o coração estava normal.
Enquanto o iogue e seus admiradores celebravam a prova científica de seus poderes, os pesquisadores ficaram desconcertados. Eles esperavam algum tipo de bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos) ou um possível sinal de isquemia miocárdica (alteração no fluxo de sangue), mas encontraram o contrário disso: taquicardia severa (batimentos cardíacos extremamente acelerados) seguida por um completo desaparecimento da atividade elétrica cardíaca. Não havia explicação. O iogue tinha suportado de fato fome total, confinado durante oito dias sem ventilação e sem presença normal de oxi-gênio. E o mais impressionante: provou sua habilidade de parar o coração.
Só posso chegar a uma conclusão sobre essa experiência: existem coisas na vida que não têm explicação, para todas as outras existe a fisiologia.