por Stephanie Stupello

A cantora Lulina se apresenta no Sesc Pompéia hoje e conversou com a Trip sobre o novo CD

 

A cantora Lulina, pernambucana que foi abduzida pela cidade de São Paulo, toca no Sesc Pompéia hoje com uma participação de Bruno Morais, no Prata da Casa. Após gravar nove discos caseiros Lulina finalmente entrou em estúdio para produzir Cristalina. As dezoito faixas narram a trajetória de Lulina, cujas idéias são geograficamente descritas no mapa da Lulilândia que acompanha o encarte do disco.

Autora de um livro de auto-sabotagem (uma oposição à  livros de auto-ajuda), o Livro das Lamúrias, a cantora já fez músicas até sobre Jerry Lewis e está empolgada pensando em gravar o próximo CD “Agora é curtir o momento e fazer vários shows, até o próximo disco.”

A Trip conversou com a moça, que falou um pouco sobre como tudo começou e sobre seu livro:

Você é publicitária. Já tinha imaginado que um dia a música acabaria se tornando uma carreira?
Música para mim nunca foi uma carreira. Minha relação é muito mais emocional do que profissional e é por isso que eu nunca me cobrei algum sucesso com qualquer um dos discos caseiros que já lancei. Por isso também eu nunca “desisti”, porque não tinha do que desistir, se o objetivo sempre foi artístico e não comercial. Para mim, criar, gravar e lançar músicas desse jeito já era uma atividade feliz. Eu normalmente fazia apenas treze cópias de cada disco que eu lançava por ano e presenteava os amigos. Raramente eu mandava para pessoas que não fossem do meu ciclo de amizade.

Como surgiu a oportunidade de gravar em estúdio?

Quando um amigo me pediu para copiar esses meu primeiros disquinhos para o Maurício Tagliari, sócio da YB, eu morri de vergonha e passei bem uns dois meses enrolando para fazer as cópias. Felizmente, um dia eu as fiz e elas agradaram tanto o Maurício que na mesma semana ele me mandou um contrato para a gente fazer um disco de verdade na YB. Mesmo gravando o Cristalina, eu continuei produzindo meus disquinhos caseiros e vou continuar lançando dessa forma, pois eles são a minha essência. Gosto de compor e gravar coisas com a leveza de não estar criando um produto, sem a pretensão de agradar a ninguém (e sem o medo de não agradar), apenas dividindo pensamentos e sentimentos com quem tiver interesse de conhecer, sem o peso da busca por sucesso ou qualquer outro tipo de reconhecimento.

Quais músicos influenciam na sua composição?

Eu acho que as coisas que eu escuto pouco influenciam nas composições, na verdade. Gosto de Velvet Underground, Tom Zé, Yo La Tengo, Beat Happening, Bill Callahan, Elton John, samba, indie, tanta coisa diferente. Quando componho, não levo em consideração nada do que eu gosto de ouvir na hora de criar, uso normalmente um violão tocado aleatoriamente (e daí surgem desde folk até sambas). Só na hora de criar os arranjos é que os membros da banda, assim como eu, acabam pincelando referências de suas bandas preferidas (e aí entram Velvet, Stereolab e até música brega como referência).

Li que você tem uma música sobre o Jerry Lewis...

Jerry Lewis foi mais uma inspiração isolada do que uma referência musical. Quando li sobre a saúde sofrida dele, quis fazer essa homenagem, pois na época eu também não parava de ficar doente. Essa música eu compus já faz bem uns 6 anos.

Você escreveu um livro de auto-sabotagem...

O Livro das Lamúrias foi meu primeiro "livro", uma espécie de humilde estréia literária, que eu classifiquei de auto-sabotagem (o contrário de auto-ajuda). Eu o escrevi sem na verdade saber que estava escrevendo um livro, fui apenas acumulando frases que criava no meio do trabalho, às vezes por diversão, às vezes para sublimar tristezas daquele ano, que foi bem difícil (2008). No final do ano, juntei todas as frases, imprimi e amassei numa grande bola de papel, mostrando para dois amigos o meu “livro”. Eles adoraram o conteúdo e sugeriram que eu lançasse o livro de verdade, só que com um lixo e várias bolas de papel no lugar de uma única bola amassada. Assim eu o lancei, de forma totalmente artesanal, e vendi até agora todas as cópias que montei (umas 31 no total). Sempre gostei de escrever, as primeiras músicas que compus, lá pelos 15 anos de idade, eram poeminhas musicados. Queria gastar cada vez mais tempo da minha vida com literatura, seja escrevendo ou simplesmente lendo.

Lulina
Quando: terça-feira, às 21h
Onde: SESC Pompéia (Rua Cléia, 93, Pompéia, São Paulo, São Paulo)
Quanto: grátis

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