A política pessoal daqueles que encarnam o espírito libertário em seu cotidiano
Na hora de preparar este especial sobre Liberdade, o enfoque da Política surgiu naturalmente. Afinal, estamos em temporada de eleições, momento fundamental para os rumos do país e do mundo (com a disputa Obama x McCain nos Estados Unidos). Mas logo ficou claro que nos interessava menos a política institucional, que bate ponto todos os dias no noticiário, do que a política pessoal daqueles que encarnam o espírito libertário em seu cotidiano.
O primeiro nome que nos veio à mente foi o do poeta e agitador cultural baiano Waly Salomão. Mas como falar sobre liberdade com alguém que morreu há cinco anos? Concluímos que não bastava discorrer sobre o tema, mas colocálo em prática no próprio fazer da revista. Assim, arriscamos uma espécie de entrevista “mediúnica” com Waly, remixando trechos de alguns de seus melhores depoimentos, para que o poeta servisse de guia para nosso especial. Outros gêneros jornalísticos pouco comuns que adotamos aqui foram a reportagem ficcional (com um texto sobre a eleição do apresentador Silvio Santos como presidente do Brasil em 1989) e a coluna itinerante (a partir desta edição, o escritor Francisco Bosco passa a colaborar com a revista sem espaço fixo, acompanhando uma reportagem de sua escolha a cada mês).
Destacamos também outras figuras que, a exemplo de Waly, nos parecem representantes incansáveis, embora muitas vezes imperfeitos, da busca pela liberdade: o skatista americano Jay Adams, o mais estiloso integrante do lendário grupo Z-Boys, que acaba de sair da prisão pela quarta vez; o motociclista Paulé, ídolo das pistas nos anos 70 que hoje complementa seu orçamento com apostas nas mesas de sinuca; nosso repórter excepcional Arthur Veríssimo, o homem incapaz de dizer não para situações que qualquer ser humano normal classifi caria como roubada; e o escritor americano Jim Haynes, guru do sexo livre em 1968 – e nos 40 anos seguintes. Para finalizar, convidamos o designer gráfico Julio Dui para desenhar o especial e garantir que o visual das próximas páginas seja tão livre quanto os personagens retratados.