por André Maleronka
Trip #180

O orgasmo motivou duas fotógrafas brasileiras a registrar o momento íntimo de amigos

O escritor francês George Bataille dizia que “o erotismo é uma afirmação da vida que se estende até a morte” e, citando Marquês de Sade, emendava dizendo que “não há melhor maneira de se familiarizar com a morte do que associá-la a uma ideia libertina”.

Foi um dos principais pensadores a trabalhar a expressão popular la petite mort (a pequena morte), que designa o momento transcendente que acontece a partir do orgasmo.

É essa expressão que batiza o projeto das fotógrafas brasileiras Alexia Santi e Nathalia Guimarães – 23 e 21 anos, respectivamente –, que ilustra esta página e segue um tanto distante da noção de fuga e encontro com a morte através do prazer desenvolvida pelo escritor.

“Nossa maior dificuldade na hora de fazer as fotos era ficar invisível para deixar as pessoas mais confortáveis enquanto se masturbavam”, conta Nathalia, que também se autorretratou.

“O sentimento maior na hora é a empolgação, acho do caralho fazer fotos nesses momentos em que as pessoas estão felizes. Não houve desconforto porque todas eram pessoas próximas”, diz Alexia.

“O método é simples: a pessoa se senta num lugar confortável, que ela escolhe, e a gente arma a câmera no tripé. Aí vai clicando. Ninguém avisa a hora em que vai gozar, a gente percebe.”

Os demais voluntários vieram pelas relações pessoais. “O Alexandre na época tava de rolo com a Nathalia”, revela Alexia. “A minha foto e a do Juliano, namorado dela, foram parecidas. A gente tava em casa à toa. Foi ele quem me clicou. Já a Lili é amiga da Nathalia há tempos”, conta. “A referência era de retratos fantasiosos, até o tratamento das imagens puxa pra isso, lembrando pinturas, sonhos.” E a ideia é continuar. “É complicado convencer as pessoas. Mas, hoje, o que não é exposto?”.

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