Logo Trip

Guerra no Funk

Uma guerra de sexos está sendo travada no Rio? sem mortos nem feridos

Trip

Créditos: Murillo Meirelles


Por Redação

em 15 de novembro de 2004

COMPARTILHE facebook share icon whatsapp share icon Twitter X share icon email share icon

Longe do mundo oficial da carioquice, mas ao alcance de qualquer um na cidade do Rio, uma guerra dos sexos está sendo travada – sem mortos nem feridos, mas com muita zoação e erotismo.

por Silvio Essinger

O campo de batalha não poderia ser outro: o funk, ramo musical que mais prospera em terras cariocas. Do lado dos homens, quem está na linha de frente é o Bonde dos Magrinhos, formado por Ricardo, Júlio César (ambos de 19 anos) e Renato (de 17), adolescentes de Itambé, comunidade que fica no bairro de Ramos, bem em frente à avenida Brasil, famoso por causa do Piscinão. É deles uma das músicas de maior sucesso da temporada, o “Lanchinho da Madrugada”.

Sob uma base musical simples (que algumas vezes lembra “When Doves Cry”, do Prince), MC Ricardo fala das noites que deixa a “mina de fé” em casa, dormindo no sofá, e vai para o baile funk pegar outras minas. O funk foi composto justamente pelo “dimenor” do bonde, Renato, baseado em fatos que viveu com a sua ex-“de fé”, Vivi. O sucesso dos versos machistas causou furor, gerou revolta e detonou uma guerra verbal.

A resposta mais contundente veio de Valeska, MC da Gaiola das Popozudas, do bairro da Abolição: “É claro que sua mina não vai ligar pra nada/ você está lanchando e ela está sendo lanchada”. Os Magrinhos e as Popozudas estão revivendo uma velha arenga do samba carioca: nos anos 30, Noel Rosa e Wilson Batista se xingavam (sutilmente) por intermédio de músicas como “Palpite Infeliz” e “Frankenstein da Vila”.

Tréplica

Mas o ataque não veio só das Popozudas. Um MC não identificado, da favela Gogó da Ema, em Belford Roxo, município da Baixada Fluminense, também resolveu colocar lenha na fogueira: “Enquanto tu faz um lanchinho, eu vou jantar na tua casa”. O funk sem nome está em várias compilações piratas vendidas no camelódromo carioca e faz sucesso nos bailes funks da favela.

Revoltados, os Magrinhos gravaram uma tréplica, em parceria com a MC Katia, também conhecida como a Fiel, que atesta a lealdade das mulheres “de fé”: “Espalharam por aí que eu estava com um negão, a de fé nunca faz isso, pois isso é vacilação”. Enquanto isso, “Lanchinho” continua sendo exaustivamente executada e agora o plano dos Magrinhos é lançar um DVD com a original e a tréplica. Essa guerra está só começando.

Lanchinho

Só pego naquela noite / pra fortalecer no dia / não comparo com a fiel / tu é lanchinho da madrugada / mas se mexer com a fiel… / se liga na parada / a minha mina, ela não liga é pra nada / as minas que eu pego na pista / é lanchinho da madrugada

Resposta  

Vem pro baile, seu otário, pensando que é garanhão / enquanto na sua casa sua mulher tá com o negão / é claro que a sua mina não vai ligar pra nada / você está lanchando e ela está sendo lanchada

Resposta 2

Mas tu acha que está certo saindo de madrugada / enquanto tu faz um lanchinho eu vou jantar na tua casa

Tréplica

(voz feminina) Espalharam por aí que eu estava com o negão / a de fé nunca faz isso pois isso é vacilação (voz masculina) Se liga aí seu puxa, que tu deu o papo torto / toma conta da minha vida, mas tua mulher está com o outro

COMPARTILHE facebook share icon whatsapp share icon Twitter X share icon email share icon

LEIA TAMBÉM