por Redação

Uma guerra de sexos está sendo travada no Rio? sem mortos nem feridos

Longe do mundo oficial da carioquice, mas ao alcance de qualquer um na cidade do Rio, uma guerra dos sexos está sendo travada - sem mortos nem feridos, mas com muita zoação e erotismo.

por Silvio Essinger

O campo de batalha não poderia ser outro: o funk, ramo musical que mais prospera em terras cariocas. Do lado dos homens, quem está na linha de frente é o Bonde dos Magrinhos, formado por Ricardo, Júlio César (ambos de 19 anos) e Renato (de 17), adolescentes de Itambé, comunidade que fica no bairro de Ramos, bem em frente à avenida Brasil, famoso por causa do Piscinão. É deles uma das músicas de maior sucesso da temporada, o "Lanchinho da Madrugada".

Sob uma base musical simples (que algumas vezes lembra "When Doves Cry", do Prince), MC Ricardo fala das noites que deixa a "mina de fé" em casa, dormindo no sofá, e vai para o baile funk pegar outras minas. O funk foi composto justamente pelo "dimenor" do bonde, Renato, baseado em fatos que viveu com a sua ex-"de fé", Vivi. O sucesso dos versos machistas causou furor, gerou revolta e detonou uma guerra verbal.

A resposta mais contundente veio de Valeska, MC da Gaiola das Popozudas, do bairro da Abolição: "É claro que sua mina não vai ligar pra nada/ você está lanchando e ela está sendo lanchada". Os Magrinhos e as Popozudas estão revivendo uma velha arenga do samba carioca: nos anos 30, Noel Rosa e Wilson Batista se xingavam (sutilmente) por intermédio de músicas como "Palpite Infeliz" e "Frankenstein da Vila".

Tréplica

Mas o ataque não veio só das Popozudas. Um MC não identificado, da favela Gogó da Ema, em Belford Roxo, município da Baixada Fluminense, também resolveu colocar lenha na fogueira: "Enquanto tu faz um lanchinho, eu vou jantar na tua casa". O funk sem nome está em várias compilações piratas vendidas no camelódromo carioca e faz sucesso nos bailes funks da favela.

Revoltados, os Magrinhos gravaram uma tréplica, em parceria com a MC Katia, também conhecida como a Fiel, que atesta a lealdade das mulheres "de fé": "Espalharam por aí que eu estava com um negão, a de fé nunca faz isso, pois isso é vacilação". Enquanto isso, "Lanchinho" continua sendo exaustivamente executada e agora o plano dos Magrinhos é lançar um DVD com a original e a tréplica. Essa guerra está só começando.

Lanchinho

Só pego naquela noite / pra fortalecer no dia / não comparo com a fiel / tu é lanchinho da madrugada / mas se mexer com a fiel... / se liga na parada / a minha mina, ela não liga é pra nada / as minas que eu pego na pista / é lanchinho da madrugada

Resposta  

Vem pro baile, seu otário, pensando que é garanhão / enquanto na sua casa sua mulher tá com o negão / é claro que a sua mina não vai ligar pra nada / você está lanchando e ela está sendo lanchada

Resposta 2

Mas tu acha que está certo saindo de madrugada / enquanto tu faz um lanchinho eu vou jantar na tua casa

Tréplica

(voz feminina) Espalharam por aí que eu estava com o negão / a de fé nunca faz isso pois isso é vacilação (voz masculina) Se liga aí seu puxa, que tu deu o papo torto / toma conta da minha vida, mas tua mulher está com o outro

fechar