Entrevistamos a banda carioca que lança nesta terça, 5, seu novo álbum
Embora o nome indiano, o Ganeshas é uma banda com muitas afinidades brasileiras. Quem ouve "Longe do Rio" pode sentir uma saudade comparável a "Back in Bahia", de Gil. A letra menciona Tom Jobim, mas é a canção "Nair" que tem uma elétrica aura bossa-nova. E a música "Navegador", como sugere o nome, faz alusão a Fernando Pessoa - português que fez a cabeça de tantos escritores da terra.
Três anos após o álbum de estreia, o Ganeshas juntou essas e outras composições no seu segundo álbum. Cabeça Parabólica é uma colcha de retalhos mais ou menos costurados - até a faixa-título dialoga com a profusão de referências vista, por exemplo, na antena de Chico Science e Nação Zumbi. Não há, no entanto, experimentalismo desavergonhado.
“Somos um grupo de rock brasileiro”, diz Brenno Quadros, vocalista e guitarrista da banda. Formado no Rio de Janeiro, o Ganeshas passou por uma pré-produção em Teresópolis, no interior do estado fluminense, e depois rumou em direção a Minas Gerais para gravar o segundo disco. O lançamento online e gratuito acontece nesta terça, 5, e aproveitamos a data para conversar com o quarteto.
Trip: Por que o disco se chama Cabeça Parabólica?
Brenno: Vivemos numa época de muito excesso de informação. Somos uma geração muito conectada, 100% do tempo. Isso acaba quase que gerando uma alienação. É um paradoxo. A gente achou que esse nome tinha a ver com o disco. Tem a ver também gravar em Minas, voltar às coisas simples.
Como foi a gravação do álbum? Esse foi diferente. Foi mais organizado. A gente fez um período de pré-produção e ficamos uma semana em Minas, mas chegamos com tudo bem pensado. A gente ficou bem imerso no processo de gravação. Acordava, tomava café da manhã e ficava lá. Aqui no Rio ou em qualquer cidade grande você tem uma dispersão natural. A gente ficou bem junto.
Como foi o trabalho com o produtor Luã Yvis? Ele já nos conhecia e tinha assistido alguns shows. Ele foi estudar produção musical nos Estados Unidos e quando estava para se formar ele disse que tinha o desejo de produzir esse disco. Ele acrescentou bastante. No primeiro disco a gente não teve a figura do produtor musical. O Luã chegou e ajudou a formatar tudo para gente chegar.
Como vocês veem o rock no Brasil? Somos uma banda de rock brasileiro. A gente ouve muita música brasileira. Acho que nos anos 80 o rock era o sertanejo universitário hoje. Agora tem talentos, mas eles ficam mais escondidos. Às vezes a gente sente uma lacuna de boas bandas de rock, de grandes bandas como o Nação Zumbi, o Los Hermanos. Mas tem um público que quer esse som. Tem um público carente por novos artistas. É uma pena que as pessoas não conheçam tantos quanto antes.
O disco e o lançamento são independentes? Sim. Conversamos com algumas gravadoras e analisamos propostas. Elas ainda tem um papel de alcance muito grande, mas a gente está orgulhoso do disco e quer que ele alcance muita gente também pela internet.
Vai lá: Ganeshas - Cabeça Parabólica
www.ganeshas.com.br