Um exemplo bem-sucedido de convivência na terceira idade
Todos os dias, alguns filhos – já bem crescidinhos – pegam seus pais ou mães – idosos há pelo menos 15 anos – e levam até o Planalto Paulista, em São Paulo, para que eles possam passar o dia bem, longe da solidão. A AFAI (Associação dos Familiares Amigos do Idoso) é uma instituição sem fins lucrativos que busca proporcionar uma convivência mais sadia e feliz para os idosos fragilizados fisica ou mentalmente. Eles comem, fazem ginástica, conversam, desenham, cantam e brincam com o um cachorro terapeuta juntos, todos os dias. São aproximadamente 12 idosos com idade média de 75 anos. Na volta do trabalho, cada filho pega seu pai ou mãe e voltam para suas casas novamente.
Antes de visitar a AFAI, fui pesquisar sobre a doença de Alzheimer e deparei com a seguinte descrição: “O mal de Azheimer é uma doença degenerativa do cérebro e caracteriza-se pela perda progessiva da memória.” Foi o suficiente para gerar uma preocupação excessiva de como gravar, entrevistar ou interagir com os velhinhos portadores da doença, que passam o dia na casa. O meu foco era captar os momentos alegres e divertidos, evitando mostrar o sofrimento dos “moradores”, porém a única coisa sofrível ali eram meu preconceito e minha ignorância. “As pessoas acham que por eles serem velhos e sofrerem de Alzheimer não têm capacidade de conversar”, diz Edelmar Ulrich, presidente da AFAI, que logo nos explicou: “Se você conversar durante meia hora com eles, não percebe nada de diferente, mas se sair da sala e voltar depois de uns 5 minutos, eles não vão lembrar de você ou sobre o que conversaram”. Esse foi um dos poucos sintomas da doença percebidos ali. Outros como descuido com aparência e higiene e perda de interesse por coisas novas parecem até mentira. Um exemplo é a elegância de Seu Ulisses, ex-alfaitate, sempre bem alinhado. Como único homem frequentador da casa, ele não perde a oportunidade de exercitar o espírito galanteador.
A AFAI mostra como ocupação, atenção e dedicação podem fazer uma diferença significante na hora de lidar e entender as pessoas que convivem com o mal de Alzheimer. Estima-se que 30 milhões de pessoas no mundo sofram da doença, sendo que aproximadamente 1,2 milhão vivem aqui no Brasil. “Quando se fala de envelhecimento, o entendimento que vem na cabeça das pessoas é a de idosos de 3ª idade fazendo atividades, indo para dança de salão, para as águas termais, fazendo passeios em exposições”, acrescenta Ulrich, “mas esse nosso idoso não. Por se tratar de um idoso fragilizado, ele está fora desse perfil. É um perfil de dependência do familiar e necessidade de cuidados específicos”.
Fontes: Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer) – www.abraz.org.br / Alzheimer's Disease International – www.alz.co.uk / IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – www.ibge.org
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