por Sabrina Duran

Ironia: Família Segura foi parar debaixo da terra e agora vê o mundo ao revés

Ironia. Família Segura foi parar debaixo da terra de Cota, cidadezinha nos arredores de Bogotá. Segura pai, Segura mãe e gerações posteriores dialogam em silêncio, cada qual em sua ossada - carne é passado -, desfiando o único tempo que lhes resta agora: a eternidade. Em vida, sentavam-se à mesa aos domingos depois da missa, comiam conversas amenas com frango, arroz e banana frita. O suco, se havia, era de amora ou lulo. Agora, mesmo que houvesse, suco não haveria, nem banana ou frango, porque Família Segura já se basta sem o corpo que antes lhes garantia a existência material pelas ruelas de Cota. Família Segura flutua subterrânea pela cidade, visitando lugares ao revés e rindo-se da petulância dos conterrâneos que os visitam e depositam flores na sua casinha caiada. Incautos, debocha o patriarca dos Segura. Vocês, vivos, agarram-se ao presente que escapa, enquanto nós, mortos, já somos para o fim que nascemos, infinitos. A matriarca da família suspira, arrebanha os filhos (cálcio e terra mesclados), e lhes ensina mais uma vez a máxima que impera embaixo da terra: meus amores, seguros estamos nós.

Familia Segura

Ironía. Familia Segura fue a parar debajo de la tierra de  Cota, ciudad pequeña en las afueras de Bogotá. Segura padre, Segura madre y generaciones posteriores dialogan en silencio, cada uno en su osamenta - carne es pasado -, desmenuzando el único tiempo que les queda ahora: la eternidad. En vida, se sentaban a la mesa de los domingos después de misa, comían conversaciones amenas con pollo, arroz y plátano frito. El jugo, si había, era de mora o lulo. Ahora, incluso si hubiera, jugo no habría, ni banana o pollo, porque la familia Segura ya se basta sin el cuerpo que antes les garantizaba la existencia material por los callejones de Cota. Familia Segura fluctúa subterránea por la ciudad, visitando lugares al revés y riendo de la petulancia de los coterráneos que los visitan y depositan flores en  su casita pintada con cal. Incautos, se burla el patriarca de los Segura. Ustedes, vivos, se aferran al presente que escapa, en cuanto nosotros, muertos, ya somos para el fin que nacemos, infinitos. La matriarca de la familia suspira, arrebaña a los hijos (calcio y  tierra mesclados), y les enseña una vez más la máxima que impera debajo de la tierra: mis amores, estamos seguros.

fechar