Façam nossas apostas

por Lia Hama
Trip #209

Cinco homens e um desafio: multiplicar R$ 1 mil esperançosamente cedidos pela Trip

Um campeão de pôquer, um negociador de discos raros, um apostador de turfe, um investidor da bolsa e um jogador de apostas online. Cinco homens e um desafio: multiplicar R$ 1mil esperançosamente cedidos pela Trip no período de uma semana. O lucro seria deles, o prejuízo seria nosso. Veja o resultado dessa experiência

Um hobby muito lucrativo “Sou proprietário de cavalos, sócio e ex-diretor do Jockey Club de São Paulo. Faço apostas em turfe três vezes por semana – aos sábados, aos domingos e às segundas, quando há corridas em São Paulo e no Rio de Janeiro. As apostas são uma extensão da paixão que tenho pelos cavalos e pelas corridas. Frequento o Jockey desde criança, levado pelo meu avô Vicente Romano, que ganhou o Grande Prêmio Brasil de 1996. Nunca parei de frequentar o clube e, com o tempo, comecei a apostar de brincadeira. Atualmente assisto a todas as corridas de São Paulo, ao vivo ou por meio dos replays disponíveis na internet, pois servem de base para analisar as corridas futuras. Muitas vezes os animais se enfrentaram antes. Ou enfrentaram outros animais que enfrentaram esses adversários. Os apostadores tentam então comparar as corridas anteriores para determinar qual o melhor. Também há inúmeras variáveis envolvidas, como o tipo de pista (alguns animais preferem correr na grama, outros, na areia; uns são bons na pista seca, outros, na molhada), ferrageamento (existem cavalos que correm melhor sem ferraduras), percurso (alguns se desgastam demais no início e perdem o pique depois), pilotagem (há pilotos que se adaptam melhor a certos animais). É um hobby que, com dedicação, pode ser bastante lucrativo. Todos os dias há prêmios de R$ 15 mil a R$ 100 mil a serem distribuídos entre os apostadores. Com os R$ 1 mil da Trip, fiz 14 apostas – perdi dez e ganhei quatro. Na aposta mais lucrativa, acertei os três últimos vencedores das corridas do dia e ganhei R$ 1.472. No balanço final tive um lucro de R$ 1.220.

Quarenta torneios no mesmo dia “Comecei minha carreira profissional no pôquer em 2006. Consegui o tão sonhado bracelete da WSOP, o Campeonato Mundial de Pôquer, em junho do ano passado e levei para casa US$ 678 mil. Foi o maior prêmio que já recebi. Para este desafio da Trip, joguei por quatro dias. Primeiro transformei os R$ 1 mil em dólares, já que no pôquer on-line tudo acontece em moeda americana. Quando se tem um caixa desse tipo, o mais indicado é jogar um tipo de competição chamada Sit and Go, em que a mesa de torneio é composta de nove jogadores e a premiação é dividida proporcionalmente entre o primeiro, o segundo e o terceiro colocados. Durante o primeiro dia, joguei por volta de 40 torneios, o que me deu um retorno de US$ 125. No segundo dia, com saldo de US$ 681 comecei a misturar os torneios Sit and Go com os multi-tables – torneios com hora marcada em que não há limite de jogadores. Todos que se registrarem poderão participar dele. Um torneio desses, com valor de inscrição a US$ 10, chega a ter 2 mil participantes. Nesse segundo dia consegui uma boa rentabilidade nos Sit and Go, no início da sessão, por volta de US$ 50, elevando meu saldo para US$ 731, o que me permitiu entrar em alguns torneios multi-tables. Joguei por volta de 30 torneios, saindo com um lucro de US$ 591 e elevando o saldo para US$ 1.322. No terceiro dia joguei apenas Sit and Go, em 15 mesas, com um prejuízo de US$ 55. No último dia fiquei em quarto lugar num torneio e acabei reduzindo o meu saldo para US$ 976. Descontando os R$ 1 mil iniciais e utilizando uma taxa de câmbio do dia, meu lucro final foi de R$ 756.”

Agora ele torce contra o Flamengo “Não tive sorte. No SportingBet, o maior site mundial de apostas esportivas, é possível jogar em dezenas de modalidades: de Fórmula 1 a tênis, basquete, boxe, rugby ou MMA. Com os R$ 1 mil da Trip fiz apostas apenas em futebol, que eu conheço mais. Uso o site há alguns meses, diariamente, mas em geral aposto sem usar dinheiro. Fiz centenas de apostas em partidas de todo o mundo. Na maioria das vezes foram jogos simples. Algumas vezes arrisquei apostas múltiplas em vários times ao mesmo tempo, pois elas dão mais lucro, apesar de serem mais arriscadas. Apostei em alguns favoritos, mas aconteceram muitas zebras que me levaram a um grande prejuízo. O maior deles foi com o meu próprio time, o Corinthians. O timão jogou contra o lanterna do Campeonato Paulista, o Comercial de Ribeirão Preto, que vinha de sete derrotas consecutivas. Apostei que o meu time ia ganhar, lógico. Botei R$ 600, mas perdi tudo porque a partida terminou em 3 a 3. O Flamengo também me fez perder R$ 300 ao empatar com o Olimpia, do Paraguai. Tomara que seja eliminado da Libertadores. Minha última esperança era um jogo do campeonato goianense. Apostei no empate entre Morrinhos (time mais fraco) e Atlético-GO (mais forte), o que seria uma zebra, mas, como eu perdi diversas vezes apostando nos favoritos, decidi jogar diferente. Perdi de novo: deu 2 x 1 para o Atlético. Resultado final: R$ 1 mil de prejuízo.”

As ondas de Elliott trabalham para ele “Sou trader autônomo, opero com meu próprio dinheiro em casa, por meio da corretora XP-Alta Vista. Faço day-trade (compra e venda no mesmo dia) no mercado futuro, opero no mercado à vista e no de opções. Para participar desta matéria, comprei ações da empresa agrícola Agrenco (AGEN11). Escolhi essa ação com base numa teoria econômica chamada Ondas de Elliott, que fala que os movimentos de alta e baixa dos preços das ações ocorrem de forma cíclica seguindo determinados padrões. Adquiri um primeiro lote de 20 mil ações AGEN11 a 35 centavos cada uma e, depois, um segundo lote de 40 mil ações a 36 centavos cada uma. Coloquei um stop-loss no meu computador de R$ 1 mil – o valor relativo ao que recebi da Trip. O stop-loss é um mecanismo de controle dos riscos da operação financeira. É uma ordem que você envia para a sua corretora para que, caso as ações que você comprou caiam para um determinado nível, suas perdas sejam interrompidas e automaticamente seja disparada uma ordem de venda delas. Nesse caso, ele não teve que ser acionado porque as 60 mil ações da Agrenco que eu comprei subiram. Vendi um lote de 30 mil delas a 38 centavos cada uma, seguido de outro lote de 20 mil a 39 centavos cada um. O último lote de 10 mil a 34 centavos cada uma. Em uma semana, o resultado final foi um lucro de R$ 1.200.”

Olho seco, versão alemã “Quando comentei com a minha mulher que me convidaram para participar de uma matéria sobre lucro e vinil, ela riu. Não que eu seja um fracasso na minha loja The Records, onde compro e vendo discos. Mas sou um ‘traficante viciado’: sempre que pego um lote ótimo de vinis acabo abraçando vários pra minha coleção e deixo de ganhar dinheiro. Para lucrar nesse negócio, além de sorte você precisa saber quais vinis são raros e procurados. Dá pra se informar por meio de livros, revistas, bate-papos e sites. Os valores e a procura sobem ou descem por fatores como reprensagem de um disco que estava fora de catálogo há muito tempo ou quando alguém da banda encontra uma caixa com 50 cópias de um disco raríssimo. Entrei em contato com dois amigos que possuem coleções muito boas e, com os R$ 1 mil da Trip, comprei 19 discos de punk rock, o tipo de som que eu manjo mais. Peguei só o filé. Entre as raridades que adquiri estão: o compacto do Olho Seco, versão alemã (comprei por R$ 100; vendi por R$ 200), o compacto de 1982 dos Inocentes (R$ 100; R$ 200) e a coletânea Começo do fim do mundo (R$ 100; R$ 200). Também peguei discos raros estrangeiros, como o LP da banda de rock francesa Collabos (comprei por R$ 80 e vendi por R$ 150) e a primeira prensagem do EP da banda Doom, da Inglaterra (R$ 80; R$ 150). Vendi tudo, só sobrou um: o disco do Dose Brutal. Virou um mico porque a capa original em preto e branco foi rabiscada de vermelho e ninguém quis comprar.”

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