Conheça Mingyur Rinpoche, o homem mais feliz do mundo
Por Marcelo Guerreiro
Aos 32 anos, o lama Mingyur Rinpoche pode ser considerado um dos homens mais felizes do mundo. Após monitorá-lo em pesquisas na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, os cientistas descobriram que a atividade de seu cérebro ligada à felicidade era 10 vezes maior do que na média das pessoas. Para Rinpoche, no entanto, a felicidade em si não é assim tão importante. Ele diz que mais do que ser feliz, importa é como lidamos com a mente e qual a intenção por trás de nossas ações. Em seu livro recém-publicado A Alegria de Viver – Descobrindo o segredo da felicidade (Campus, 288 págs.), ele desenvolve o assunto de maneira profunda e clara, contando como a ciência e o budismo se aproximam cada vez mais para explicar o funcionamento do cérebro e nos ajudam a decifrar o segredo da felicidade.
Ser happy é ser hype
A chave seria usar essa “plasticidade neuronal” (nome dado pela ciência à capacidade do cérebro de se moldar) para criar hábitos mais positivos e revelar a nossa verdadeira natureza. A melhor maneira de fazer isso, reforça ele, seguindo os resultados mostrados pela pesquisa, é treinar sistematicamente a meditação. Em seu livro, Rinpoche explica alguns métodos para se meditar segundo a tradição budista, que para ele é mais uma filosofia de vida do que uma religião. De todos os métodos, o que ele mais enfatiza é o da compaixão, que pode ser resumido no lema “coloque a felicidade do outro na frente da sua”.
Durante as pesquisas da Universidade de Wisconsin, o cérebro de Rinpoche era minuciosamente monitorado. O que se observou é que as atividades neuronais ligadas à felicidade tinham o seu clímax quando Rinpoche estava fazendo meditação. Nesses momentos os índices eram 1.000% maiores comparados ao de uma pessoa que não meditava. A meditação, concluíram os neurocientistas, era a grande chave para o autoconhecimento e o controle da própria mente – e conseqüentemente a ferramenta mais importante para a “transformação” da realidade.Rinpoche, você é considerado o homem mais feliz do mundo.
Nunca fica triste?
Fico triste o tempo todo (sorri). Quando eu era jovem, tinha muitos problemas emocionais. Dos 7 aos 13 anos, tinha ataques de pânico e foi realmente difícil. Mas apliquei as técnicas de meditação que aprendi: sentei em meu quarto por três dias e usei o pânico como suporte para minha meditação e ... então ele se foi, deixando minha mente estável. Hoje em dia, quando tenho alguma emoção negativa, minha meditação fica mais clara e forte. O mais difícil é quando tudo está OK, sem dificuldades. Então a mente vagueia, fica sem foco.
As pessoas, muitas vezes, acham que precisam meditar para se ver livre dos problemas...
É importante compreender que lutar contra as emoções negativas não irá fazê-las desaparecer. Temos de entender que tudo está bem do jeito que está, seja bom ou ruim. Você pode usar as situações como suporte para sua meditação – por exemplo a sua ansiedade pode ser usada como suporte ao se transformar em objeto de observação da sua mente durante a meditação. Atrás da ansiedade está um estado desperto, pleno de contentamento. A ansiedade é apenas a superfície. Se você souber usar seus momentos difíceis, eles se transformam em seus aliados.
É cada vez mais comum o culto à auto-estima, ao poder da mente. Filmes como O Segredo reforçam essa visão. O que acha disso?
Há algo estranho ali. A mensagem acaba sendo a de que, mesmo que esteja fazendo algo errado, você deve acreditar que vai conseguir. As pessoas começam a acreditar que podem fazer o que quiserem. De certa forma, isso faz com que superem uma certa falta de confiança interna. Esse problema de falta de confiança é muito comum hoje em dia. Mas isso acaba sendo exagerado e elas vão para o outro extremo. Você perde a compaixão, perde a empatia pelos outros, e tudo passa a ser apenas sobre o que você quer...
Mas você precisa de um objetivo para crescer, não?
Sim, no budismo, aprendemos que não podemos levar o objetivo tão a sério. Temos de cultivar o relaxamento. Não adianta ficar tenso, pensando no resultado. Você deve ser diligente e relaxado ao mesmo tempo. Se sua mente fica tensa, tudo fica impossível e qualquer pequena dificuldade faz você desanimar. No dia seguinte você não consegue nem se levantar da cama, fica desanimado. O equilíbrio é mais importante do que alcançar objetivos, conseguir coisas. Nos dias atuais, todos nós temos medo, somos deprimidos em maior ou menor grau. É importante para combater esse medo e essa depressão descobrir o poder da mente. Isso é importante para melhorar sua confiança, mas não use isso para reforçar o seu ego, para dar suporte a ele. Use sua mente para melhorar a confiança com o objetivo de ajudar os outros.
É preciso ter uma religião para meditar? Ou podemos meditar seguindo instruções gerais para acalmar a mente, por exemplo?
Uma meditação pode ser básica, como a Shamata. Nesse caso, não precisa estar associado à nenhuma religião. Mas se você quiser ir mais fundo, um caminho espiritual irá ajudá-lo bastante, por causa de seus métodos. Mas eu digo que o budismo, por exemplo, não é uma religião. É uma maneira de viver a vida, uma filosofia.Os cientistas passaram a meditar depois de constatarem os resultados impressionantes dos seu testes? Sim, eles se tornaram grandes meditatores (risos).
E eles se aproximaram mais do budismo?
Hehehe. Isso eu não perguntei...
Aos 32 anos, o lama Mingyur Rinpoche pode ser considerado um dos homens mais felizes do mundo. Após monitorá-lo em pesquisas na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, os cientistas descobriram que a atividade de seu cérebro ligada à felicidade era 10 vezes maior do que na média das pessoas. Para Rinpoche, no entanto, a felicidade em si não é assim tão importante. Ele diz que mais do que ser feliz, importa é como lidamos com a mente e qual a intenção por trás de nossas ações. Em seu livro recém-publicado A Alegria de Viver – Descobrindo o segredo da felicidade (Campus, 288 págs.), ele desenvolve o assunto de maneira profunda e clara, contando como a ciência e o budismo se aproximam cada vez mais para explicar o funcionamento do cérebro e nos ajudam a decifrar o segredo da felicidade.
Ser happy é ser hype
A chave seria usar essa “plasticidade neuronal” (nome dado pela ciência à capacidade do cérebro de se moldar) para criar hábitos mais positivos e revelar a nossa verdadeira natureza. A melhor maneira de fazer isso, reforça ele, seguindo os resultados mostrados pela pesquisa, é treinar sistematicamente a meditação. Em seu livro, Rinpoche explica alguns métodos para se meditar segundo a tradição budista, que para ele é mais uma filosofia de vida do que uma religião. De todos os métodos, o que ele mais enfatiza é o da compaixão, que pode ser resumido no lema “coloque a felicidade do outro na frente da sua”.
Durante as pesquisas da Universidade de Wisconsin, o cérebro de Rinpoche era minuciosamente monitorado. O que se observou é que as atividades neuronais ligadas à felicidade tinham o seu clímax quando Rinpoche estava fazendo meditação. Nesses momentos os índices eram 1.000% maiores comparados ao de uma pessoa que não meditava. A meditação, concluíram os neurocientistas, era a grande chave para o autoconhecimento e o controle da própria mente – e conseqüentemente a ferramenta mais importante para a “transformação” da realidade.Rinpoche, você é considerado o homem mais feliz do mundo.
Nunca fica triste?
Fico triste o tempo todo (sorri). Quando eu era jovem, tinha muitos problemas emocionais. Dos 7 aos 13 anos, tinha ataques de pânico e foi realmente difícil. Mas apliquei as técnicas de meditação que aprendi: sentei em meu quarto por três dias e usei o pânico como suporte para minha meditação e ... então ele se foi, deixando minha mente estável. Hoje em dia, quando tenho alguma emoção negativa, minha meditação fica mais clara e forte. O mais difícil é quando tudo está OK, sem dificuldades. Então a mente vagueia, fica sem foco.
As pessoas, muitas vezes, acham que precisam meditar para se ver livre dos problemas...
É importante compreender que lutar contra as emoções negativas não irá fazê-las desaparecer. Temos de entender que tudo está bem do jeito que está, seja bom ou ruim. Você pode usar as situações como suporte para sua meditação – por exemplo a sua ansiedade pode ser usada como suporte ao se transformar em objeto de observação da sua mente durante a meditação. Atrás da ansiedade está um estado desperto, pleno de contentamento. A ansiedade é apenas a superfície. Se você souber usar seus momentos difíceis, eles se transformam em seus aliados.
É cada vez mais comum o culto à auto-estima, ao poder da mente. Filmes como O Segredo reforçam essa visão. O que acha disso?
Há algo estranho ali. A mensagem acaba sendo a de que, mesmo que esteja fazendo algo errado, você deve acreditar que vai conseguir. As pessoas começam a acreditar que podem fazer o que quiserem. De certa forma, isso faz com que superem uma certa falta de confiança interna. Esse problema de falta de confiança é muito comum hoje em dia. Mas isso acaba sendo exagerado e elas vão para o outro extremo. Você perde a compaixão, perde a empatia pelos outros, e tudo passa a ser apenas sobre o que você quer...
Mas você precisa de um objetivo para crescer, não?
Sim, no budismo, aprendemos que não podemos levar o objetivo tão a sério. Temos de cultivar o relaxamento. Não adianta ficar tenso, pensando no resultado. Você deve ser diligente e relaxado ao mesmo tempo. Se sua mente fica tensa, tudo fica impossível e qualquer pequena dificuldade faz você desanimar. No dia seguinte você não consegue nem se levantar da cama, fica desanimado. O equilíbrio é mais importante do que alcançar objetivos, conseguir coisas. Nos dias atuais, todos nós temos medo, somos deprimidos em maior ou menor grau. É importante para combater esse medo e essa depressão descobrir o poder da mente. Isso é importante para melhorar sua confiança, mas não use isso para reforçar o seu ego, para dar suporte a ele. Use sua mente para melhorar a confiança com o objetivo de ajudar os outros.
É preciso ter uma religião para meditar? Ou podemos meditar seguindo instruções gerais para acalmar a mente, por exemplo?
Uma meditação pode ser básica, como a Shamata. Nesse caso, não precisa estar associado à nenhuma religião. Mas se você quiser ir mais fundo, um caminho espiritual irá ajudá-lo bastante, por causa de seus métodos. Mas eu digo que o budismo, por exemplo, não é uma religião. É uma maneira de viver a vida, uma filosofia.Os cientistas passaram a meditar depois de constatarem os resultados impressionantes dos seu testes? Sim, eles se tornaram grandes meditatores (risos).
E eles se aproximaram mais do budismo?
Hehehe. Isso eu não perguntei...