por Alê Youssef

Documentário sobre skate é exemplo de mobilizacão social e marco esportivo e econômico.

Nos últimos meses, uma série de acontecimentos, aproximaram os mundos  da cultura e da política.

A exposição da Choque Cultural no MASP, o reconhecimento internacional e institucional de artistas como OsGemeos, o Fertival de Política da Trip lotado em pelno domingo, a produção colaborativa e comunitária do Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta  e o próprio movimento original de revitalização urbana que ocorre no Baixo Augusta são exemplos disso.

Na semana passado outro evento simbólico e muito importante entrou nessa lista. O pré lançamento do documentário Dirty Money no MuBe foi um exemplo de mobilizacão social, pois juntou uma parcela expressiva e importante dos atores da cultura alternativa brasileira. Além disso, foi um marco da evolução do skate do ponto de vista esportivo e econômico.

O documentário de Alexandre Vianna e Ricardo Koraicho retrata uma geração que revolucionou a cultura de rua através do skatebording. Com o desastroso plano Collor, a cena do skate no início dos anos 90 estava falida. Motivados pelo espírito 'faça você mesmo" alguns amigos ainda adolescentes se juntaram para combater a péssima situação através da gravação de um vídeo de skate, chamado Dirty Money.

O vídeo, sucesso instantâneo, contagiou skatistas de todo país e motivou ações que podem ser consideradas fundamentais para a retomada desse esporte que cresce e se consolida a cada dia no Brasil.

Estive muito perto do movimento do skate no início dos anos 2000, na época em que fui Coordenador de Juventude da Prefeitura de São Paulo. Em conjunto com Ale Vianna e a Confederacão Brasileira de Skate, desenvolvemos um jeito novo e diferente de relação entre poder público e movimento social. Foram contruídas 64 pistas na cidade, com consultoria especializada dos próprios skatistas e apoiados centenas de campeonatos e atividades relacionadas ao esporte. Hoje em dia, o trabalho de anos atrás, colhe frutos como o reconhecimento generalizado - tanto pelo mercado como pelo poder público - de um esporte antes tão marginalizado, além dos ganhos esportivo e cultural que equipamentos e eventos como os realizados são capazes de proporcionar.

Ao ver o MuBe lotado de gente - coisa que aliás é rara naquele espaço, senti uma sensação parecida da que tive no lançamento da exposição da Choque Cultural no Masp. Assim como na invasão do grafitti ao principal museu do Brasil, depois de alguns minutos de alegria pelo palco nobre, constata-se que o Dirty Money e o skate hoje são muito mais importantes para revitalização de espaços como o Mube do que vice versa.

Isso acontece pois o movimento ganhou tamanha importância e capilaridade social que quando observamos com atenção, percebemos que trata-se de algo que faz parte da identidade da cidade e que realmente, como disse acima, é um grande exemplo de aproximação da cultura com a política. E o filme retrata isso perfeitamente.

Vejam a história da enorme e organizada cultura do Skate, que mudou a cara de São Paulo.

 

 

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