Original, útil e capaz de dizer muito sobre quem a carrega: o casamento entre um homem e sua jaqueta é à prova do tempo, como a Trip busca ser em 3 décadas de existência
Fábio Souza, 38 anos, é um dos “garimpeiros” mais respeitados da cidade. Desde 2009 sua seleção criteriosa de móveis e tesouros da moda alimentam o acervo do À La Garçonne. Este ano, a marca lançou uma primeira coleção de moda na SPFW, com foco neste olhar que valoriza tecidos de descarte e customizações de peças antigas. Há quatro anos, em um de seus garimpos durante uma viagem a Nova York, Fábio encontrou esta perfecto com tachas. “Havia um punk na calçada, puxei papo e perguntei se ele queria vender a jaqueta e rolou. Mais do que ser atemporal, ela marca uma época, tem um estilo muito forte e é uma peça totalmente original. Alguém customizou à mão lá nos anos 80, colocou os spikes e pintou"
Alexandre Won, 35 anos, ainda era um advogado em busca do terno perfeito quando decidiu mudar o rumo da vida e costurar, ele mesmo, o costume com que sonhava. “A verdade é que eu nunca quis trabalhar com direito e pulei fora na primeira oportunidade”, relembra. Desde 2006 ele toca uma ateliê de alfaiataria onde cria peças sob demanda, que demoram até quatro meses para ficarem prontas. “Começo a partir das medidas do corpo do cliente. Ninguém mais faz isso hoje em dia”, conta. Seus paletós e camisas duram a vida inteira e passam gerações – o mesmo tipo de investimento que o levou a arrematar esta jaqueta em uma viagem a Seul. Fazia tempo que procurava um casaco leve e quente, mistura entre social e casual, que pudesse acompanhá-lo em uma saída de moto e a um restaurante.
Andre Ferezini, 36 anos, é documentarista e diretor de publicidade na Vetor Filmes. Estudou em colégios e universidades bacanas e, faz pouco tempo, escolheu morar no bairro do Glicério, área degradada do centro de São Paulo, que tem atraído novos moradores interessados na diversidade e nos aluguéis baixos da região. No apartamento que divide com um amigo, vestiu a jaqueta de couro Ermenegildo Zegna, que “se deu” de presente há cerca de seis anos, depois de fechar um job grande. “Essa é a minha história, transitar, passear entre os dois lados”, conta.“Quando eu tinha 20 e poucos anos e estava começando a entender quem eu era, fui parar na publicidade. Nesse caminho, também compreendi o valor daquilo que é simples.”
Felipe Scarpa, 28 anos, trouxe na mala de sua última viagem ao Havaí a receita de poke, o combinado havaiano que leva arroz, peixe, pimenta, salada, algas e shoyu. Algum tempo depois, em um fim de semana na praia, ele e seus amigos decidiram fundar um foodtruck de comida havaiana em São Paulo, e assim nasceu o Mr. Poke. Felipe, que também é sócio do hostel CityLights, está sempre em trânsito. Esta japona Patagonia, por exemplo, encontrou na internet às vésperas de partir para a Argentina para uma temporada de snowboard, há seis anos. “Era um casaco para neve, mas nunca mais tirei, porque é perfeito para andar de moto”, conta.
Vai Lá:
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Créditos
Imagem principal: Trëma
Estilo: Marcio Banfi