Devagar e sempre

por Luiz Guedes
Trip #181

Lento mesmo quando foi lançado, em 1945, o desajeitado Citroën 2 CV se tornou um clássico

Poucos carros causaram tamanho choque quanto o Citroën 2 CV. Revelado ao público em 1948, o modelo era a antítese do sentimento pós-guerra da época: com seus minguados 9 cv de potência, rumava na contramão do ritmo acelerado da economia mundial, ávida por compensar os anos de ostracismo do mercado (para efeito de comparação, o Fusca fabricado na mesma ocasião dispunha de 25 cv). Essa pachorra, somada ao título de carro mais feio já produzido, lhe dava poucas chances de vingar comercialmente.

O 2 CV (deux chevaux, em francês), entretanto, acabou se mostrando na medida para o bolso do proletariado europeu. Com velocidade máxima de apenas 62 km/h, conquistou adeptos por todo o velho continente e até mesmo em terras distantes, caso da nossa vizinha Argentina – só não deu certo no Brasil devido à geografia acidentada de nossas principais cidades, um desafio à falta de força do motor. Tornou-se um clássico, com mais de 5 milhões de exemplares produzidos até 1990, 42 anos após o lançamento oficial.

Lento, mas eficaz
“Ele pode até ser feio. Aliás, bem feio. Mas talvez seja o carro que mais suporte castigo”, elogia o construtor paulista Claudio Ivan Bueno Charoux, 66 anos, proprietário do Citroën 2 CV ano 1974 que ilustra esta página. Quanto a ser lento, ele rebate: “É apenas questão de se acostumar ao ritmo do carrinho. E uma coisa eu digo: ele nunca negou fogo na hora de subir uma ladeira, sempre em primeira marcha, é claro.”.

Por pertencer à terceira geração na escala evolutiva do Citroën 2 CV, o modelo de Charoux já conta com um motor mais potente, de 22 cv. “Viajo com ele toda semana ao litoral e subo a serra numa boa. Aliás, vim dirigindo da Argentina, onde eu o comprei, até a porta de casa”, relata. “E é até bom que ele seja lento, assim dá tempo para o pessoal fotografar”, brinca. “Sem exagero, esse é o carro mais fotografado do Brasil, ninguém fica indiferente a tamanha feiura.”

CLASSIFICADOS

Eduardo repassa seu Fleetmaster 1946. “A mecânica atualizada tem motor seis cilindros, quatro marchas e freios a disco, em contraste com a original.” Sai por R$ 39.000. Tel.: (51) 9901-2247A conservação do Ford conversível de 1937 é garantida pela dona, Bianca. “O modelo é raríssimo, com mecânica nota 10.” Ela pede R$ 140.000. Tel.: (41) 3262-8979
Monica abre mão do raro Sedanete 8 cc. Ela afirma que a tapeçaria de casemira, o volante, o painel, o rádio e as calotas são originais de fábrica. O automóvel vale R$ 59.000. Tel.: (11) 2914-7357O Ford de 1929 possui volante, painel e motor de 4 cc originais de fábrica. A caranga tem capota de lona preta. Esse carro digno de museu pode ser seu por R$ 45.000. Tel.: (11) 2548-5233

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