Desacelerando no Rio

Ioga no Jardim Botânico, hamburgeres de cordeiro e outros encantamentos da capital carioca

Do que aprendi de substancial em 57 anos vividos, restou o reconhecimento de que a atitude mais sensata para com a vida consiste em alimentar, sistematicamente, o prazer e a motivação de viver. Nem sempre consigo, mesmo porque vida é perto e imediata. Mas todos os meus esforços convergem para essa direção.

Rio de Janeiro para mim é sinônimo de prazer. Tanto se diz acerca da satisfação de existir naquela cidade que fica difícil escrever sem ser redundante. Convidado a aproveitar experiências gastronômicas e de hotelaria por lá, fui sem pensar. Fiquei hospedado no Marina All Suites, de localização privilegiada: em frente à praia do Leblon.

No primeiro dia, logo cedo, fomos à tradicional feira de Ipanema, levados pela Curumim, empresa de turismo carioca. Foi bucólico vagar na feira comendo frutas frescas, sentindo-me parte daquela gente bonita toda. Em seguida, fomos ao Bar D’Hotel. Parece aqueles bistrôs parisienses que a gente vê nas revistas de moda. Numa palavra: delicado. Mas ali foi só a entrada, com atrações como cogumelos selvagens, hambúrgueres de cordeiro, burrito de avestruz, geleia de pimenta e foie gras.

Desse festival de exotismo fomos direto a Santa Tereza, para o restaurante Aprazível, onde faríamos a refeição principal. Desde o muro de pedras – tombado pelo Patrimônio Histórico – a cada um dos cômodos, tudo é muito agradável. Gostei do chamado peixe tropical, uma mescla de pescada, amêndoas, banana-da-terra e molho de laranja.

Inseto de vida curta
Dia seguinte fomos ao Jardim Botânico, passeio tão obrigatório quanto a praia. Eu, que adoro árvores, fiquei encantado com a variedade das espécies. Foi um prazer imenso conhecer e tocar algumas delas. O orquidário estava todo em flor, e, na estufa das plantas carnívoras, fiquei impressionado com a beleza de suas armadilhas. Se eu fosse inseto, com certeza, teria vida curta.

Para melhor absorver essa energia, tivemos aula de ioga no gramado do Jardim. Em meio àquele silêncio das árvores centenárias, meditamos. Depois da meditação, o relaxamento. Soltei o espírito e me percebi envolto por um manto quente; toda a floresta me abrangia. Aquecido, senti que a vida, como festa, em alegria debruçava-se sobre meu ser.

Foi um passeio digno do nome. Em dois dias vivi alegrias e prazeres que vão alimentar minha vida de motivação e prazer de existir por muito tempo.

*Luiz Alberto Mendes, 56, é autor de Memórias de um sobrevivente, sobre os 31 anos e 10 meses que passou na prisão. Seu e-mail é lmendesjunior@gmail.com

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