Livros Importantes
Como sabem que sou leitor compulsivo e há décadas, sempre me perguntam sobre livros e escritores que foram importantes para mim. Essa é questão que de tão complexa fica difícil responder. Gosto de conversar sobre livros, mas com tempo, em ambiente favorável. É raro encontrar interlocutor entusiasta. Quando encontro, é um prazer inenarrável. Saio do encontro iluminado e farto.
Há livros que li várias vezes. “Escuta Zé Ninguém” do Reich é um livro desses. O livro me arrasa, joga de quatro no chão de minhas fraquezas e limites. Sinto-me um perfeito Zé Ninguém e supermotivado a revolucionar, mudar tudo. “Os Mandarins” de Simone de Beauvoir é um porre. Sou apaixonado pela história de duas pessoas que viveram vidas exuberantes: Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. E nesse livro Simone coloca como foi após a 2ª Guerra Mundial. Intelectuais franceses a reconstruir a cultura francesa. É quando Sartre publica a célebre revista “Les Temps Modernes” que vai ser palco dos grandes debates da época. O livro é fantástico, Simone é minha escritora favorita. Claro que ao lado de Clarisse Lispector, de quem sou fã apaixonado.
O livro “Um Homem” da jornalista Oriana Fallathi foi um dos que mais me impressionou. É a história de Alekos Panagulis, revolucionário grego. Pulsante, o livro narra 5 anos de tortura que esse homem sofreu, sem jamais se dobrar. “O Profeta” do Gibran Calil me instruiu muito. “O Pequeno Príncipe” do Saint Exupery é um tratado de amizade. Li umas 5 vezes, até no original. É lindo, poético e verdadeiro. Todos os diálogos de Platão são livros maravilhosos. “A Caminho da Luz” do Chico Xavier também é um livro iluminado.
Romance, o ultimo que mais me impressionou foi “A Carta Esférica” de Arturo Peres-Reverte. O autor espanhol escreve como um poeta. Seu personagem feminino é quase palpável de tão real. Caso fique falando de livros, cada um deles vai provocar uma resenha de mim, e são tantos... Agora escritores, o que mais leio ultimamente é Bukowiski. Impressionante; esse velho bêbado brinca com as palavras. Gosto muito de Norman Mailer. “A Canção do Carrasco” dele que me emocionou demais. Aprecio John dos Passos, James Michener (“Os Rebeldes” é fenomenal!) e Henry Miller (este muito louco, sua trilogia é qualquer coisa de reveladora).
Escritor brasileiro para mim sempre veio Erico Veríssimo em primeiro lugar. Depois vem João Ubaldo que é magnífico e Luiz Fernando Veríssimo que, sem ficar nada a dever ao pai, é um grande escritor. Tem Fernando Bonassi que não é por ser meu amigo, mas é muito bom. Douglas Rufato e principalmente Marcelino Freire, esse eu “pago um pau”, o cara escreve bem demais. Dos estilos, é o que mais aprecio. Conservo a ilusão de que escrevo parecido, embora do meu jeito já que faço assim antes de conhecê-lo.
Conversa sobre livro e escritores nunca se esgotará, pois continuo lendo, e de 3 a 4 livros de uma vez. No momento leio “Cartas a Nelson Algren” de Simone de Beauvoir; “Aritmética” de Fernanda Yong; “Ao vivo do Corredor da Morte”, de Abu-Jamal; e mais dois de poesia. De todos hábitos adquiridos ao longo da vida, este é o que pratico com maior convicção e que mais me deu retorno.
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Luiz Mendes
30/08/2010.