Controle Total é uma boa, né?

por Luiz Alberto Mendes

 

Uma Defesa ao Controle Total

 

Realmente, temos que dar continuidade a essas medidas que as pessoas vêm tomando voluntariamente. Fechar ruas, colocar portarias, guardas armados e treinados nelas. Se possível, como já acontece, fechar logo o quarteirão todo e povoar as ruas de seguranças. Não entra ninguém sem autorização do residente. E o residente fica responsável pelo que autoriza. Os traficantes já não fazem assim no morro ou na favela? Em alguns lugares é preciso levantar a camisa, dar uma voltinha e tudo. Não querem policiais armados em seus domínios.

Como nos alertam os grandes formadores da opinião pública da televisão: Datena, Ratinho, Sergio Luiz e outros, os “bandidos” estão “tomando” as cidades! Não adianta os policiais dando trombada um no outro na Av. Paulista, na 25 de março ou no centro de São Paulo. O crime infesta e não perdoa! Todos aqueles drogadinhos esqueléticos, sujos, imundos, que mal podem parar em pé, são criminosos em potencial. Como diria o Luciano Huck, com muita propriedade, quando roubaram seu Rolex de ouro: “Cadê o Capitão Nascimento?” Não haviam feito o "Tropa de Elite II" ainda.

Temos que copiar New York e instalar o regime de “tolerância zero”. O único problema é que o povo pode querer copiar e usar “tolerância zero” para as falcatruas, as negociatas políticas, as apropriações indébitas, as “improbidades (que nome bonito!) administrativas”, as falências fraudulentas, as licitações comprometidas e viciadas, os fichas sujas, os crimes do peculato, a agiotagem clandestina e oficial, a sonegação de impostos, a “especulação financeira”, o caixa dois, três e quatro...

Temos que controlar, colocar câmara em todos os lugares, trancas, cadeados, guardas sempre armados, vigilância total, muralhas, guaritas, cercas eletrificadas, portaria, portão, porta de aço, carros a prova de bala. Acho até alguns bairros barra pesada deveriam ser fechados com altas muralhas, como o Harlem ou os guetos nazistas. Ninguém sai sem autorização. Se os Estados Unidos é um país que tem dado certo e possuem ¼ da população prisional do mundo todo, nós deveríamos seguir o exemplo. Não importa que as prisões aqui estejam superlotadas. Vamos hiper lotar. Fica mais barato que construir novas prisões.

Outros escritores defenderam princípios muito parecidos. Peter Sloterdjick, por exemplo, escreveu um texto inteiro defendendo a tortura em seu papel delicado de defender a democracia. Segundo ele, só com o milenar poder de torturar é possível construir a democracia. Jonathan Swift, este mais famoso ainda, um clássico, propôs aos irlandeses, na época mais acirrada da ocupação inglesa na Irlanda, que dessem suas crianças para serem comidas pelos ingleses. Claro que os dois textos eram sátiras, também. Na prisão, a um tempo atrás, defendia-se a idéia de que os assassinatos entre nós eram um mal necessário. Só o medo de serem mortos como porcos com trocentas facadas segurava os canalhas e patifes de seus “ímpetos”.

Isso mesmo; vamos controlar totalmente. Não vamos tolerar mais nada! Cana neles!!!

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Luiz Mendes

02/05/2011.

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