Conto que inspirou o longa Menina de Ouro, de Clint Eastwood, vencedor de 4 Oscars, chega às livrarias
Em Menina de Ouro, a máxima de Cortázar sobe ao ringue: as histórias curtas de F.X. Toole nocauteiam o leitor logo nas primeiras linhas do primeiro assalto POR MILLY LACOMBE
Histórias sobre touradas estão para Ernest Hemingway assim como as sobre boxe estão para F.X. Toole. E, como fazia Hemingway, o irlandês Toole [cujo nome verdadeiro era Jerry Boyd] tem o talento de mergulhar no esporte que amava e voltar à tona com sagas capazes de agradar mesmo àqueles que nunca pisaram em um ringue ou calçaram uma luva. Mais do que isso, capazes de agradar a quem sequer aprecia o esporte em questão. Menina de Ouro [Geração Editorial, 304 págs., R$ 37], coletânea de contos de Toole sobre o universo dos boxeadores, acaba de chegar ao Brasil. As histórias são traduzidas por pesos pesados como Rubem Fonseca, Marçal Aquino e Carlos Heitor Cony. Destaque para o próprio "Menina de Ouro" [conto que inspirou o filme homônimo estrelado e dirigido por Clint Eastwood], que enquanto desconstrói o esporte cria em torno dele uma aura quase abençoada. Toole, que com delicadeza narra os dramas do mundo ordinário e sangrento do boxe, morreu antes de ter o seu talento reconhecido. Com manuscritos rejeitados por 40 anos só foi publicar seu primeiro conto aos 69, em 1999.
Milly Lacombe é diretora de redação da revista Tpm e lutou boxe por dois anos. É o cruzado de direita mais poderoso da editora Trip