Conselhos de pai
Como pai vivo a me confundir. Quando meus filhos me pedem algum conselho (quando pedem) a primeira coisa que digo é que nem para mim me atrevo a dar conselhos, quanto mais a eles. É uma estratégia; acabo sempre emendando um monte de coisas e, de alguma maneira os faço pensar.
Mas em questões cruciais, como proceder? Deitar aconselhamento para que não cometam erros; evitem mijar fora do penico; sejam equilibrados; pensem e repensem antes de agir; sejam ponderados e desconfiem das facilidades; não corra que você cai; não aceitem balas de estranhos; não fumem; não bebam, não cheirem, não matem e nem morram. Fujam de brigas e principalmente das “más companhias”. O mundo é duro e pode doer. A realidade é cruel e pode machucar. A vida não é justa e nem lógica como pode parecer. Estejam atentos, vigilantes.
Ou então, ser mais realista e tranquilizar: cometam seus erros, mas não se enganem: sempre haverá consequências. Cresça com as elas. Amem, abram-se ao mundo, às pessoas e sofram se necessário, por isso. Pode doer muito, mas nunca demais. Você aguenta e aprende muito mais. De seus fracassos construa tua vitória para que teu filho um dia viva sob tua moral. Viva, mas viva intensa e imensamente. Apaixonem-se pelas mulheres, pelos homens e pelas crianças. Mas também pelos inválidos, pelos que clamam por justiça e por todos aqueles que precisam de ti. As árvores, os animais, as flores, o ar e a vida!
O que diria você a seus filhos? Mesmo que não os tenha, como na música do IRA. Um misto disso tudo ou nada disso? Abri o texto dizendo que vivo a me complicar. Mas, acho que ficou claro, prefiro passar a meus filhos a segunda opção. Assumo esse risco. Não saberia fazer diferente. Sei que liberdade não é tudo. Mas não ensino meus filhos a serem sobreviventes como fui. Preciso de que vivam e vivam plenamente; explorem todas suas possibilidades. Evidentemente, não sirvo de modelo para pai nenhum.
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Luiz Mendes
27/03/2012.