Num futuro não muito distante, as varandas vão funcionar como um estacionamento para veículos aéreos que entregarão suas compras de supermercado
Uma das coisas mais legais do estilo de vida brasileiro são as varandas. Esse lugar da casa que fica entre o dentro e o fora e acaba se tornando área de lazer, de convivência e de criatividade. Mas um vírus vem infectando a ideia tradicional de varanda: a chamada “varanda gourmet”. Muitas subvertem o próprio conceito. Fecham um espaço que deveria ser aberto, transformando-o em algo mais parecido com uma copa apertada do que com uma varanda propriamente dita.
No entanto, em um futuro não muito longe, outro tipo de varanda pode surgir para competir com a modalidade “gourmet”. Trata-se da varanda preparada para drones. Isso mesmo, uma varanda aberta, situada em apartamentos ou casas, com um pequeno “droneporto” adaptado para receber veículos aéreos controlados a distância ou de modo automático.
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Os drones caminham para se tornar um elemento fundamental da logística das cidades, capazes de fazer entregas, buscar e trazer objetos, observar pessoas e lugares. Esse avanço certamente levará a uma mudança nos modos de vida.
Um conceito nesse sentido foi desenvolvido pelo engenheiro e investidor canadense Charles Bombardier. Ele propõe que as plantas de todos os novos prédios nas cidades devem incorporar o conceito das varandas adaptadas para drones. Quem tiver uma dessas estaria preparado para novos tipos de serviços. Por exemplo, entregas de supermercado feitas quase imediatamente. Despacho e retorno automático de roupas para lavanderia. Ou qualquer outro tipo de objeto. Os drones poderão servir como um novo tipo de “mídia” sobre a cidade. Está curioso para ver se tem uma manifestação ocorrendo na vizinhança? Mande o seu próprio drone lá para dar uma espiada
Droneportos particulares
A proposta de Bombardier é que esses “droneportos” particulares sigam padrões específicos de segurança, padronizados para toda a cidade. Esses padrões permitirão controlar o tráfego aéreo, bem como criar rotas de voo coordenadas, facilitando a partida, a circulação e o retorno dos drones. Para quem não tem muito espaço no apartamento, a proposta é um trilho retrátil, que pode deslizar no lado de fora da janela e ser recolhido quando necessário.
Nesse futuro utópico (ou distópico, dependendo da perspectiva), os drones poderão criar sua própria rede de comunicações e se integrar ao tecido urbano, assim como aconteceu com a eletricidade, os carros e a internet. Poderemos ficar rapidamente mal-acostumados. Da mesma forma como hoje ficamos de mau humor quando há congestionamento de veículos ou queda da eletricidade, ou mesmo quando a internet está lenta, poderemos ficar irritados quando o sistema de drones não funcionar direito. Muita gente poderá ficar indignada se tiver de sair nas ruas carregando nas próprias mãos um objeto que poderia ser entregue com um drone.
É claro que questões como segurança pública e privacidade serão diretamente afetadas. Os espaços públicos poderão ficar sob vigilância constante com os inúmeros drones portadores de câmeras. Poderá haver barulho, poluição sonora e visual. Ou ainda, acidentes, propagandas e usos ilícitos dos drones. Por exemplo, gente sendo assaltada remotamente através deles. Poderá haver até mesmo pessoas que sintam saudades das varandas gourmet, bem fechadinhas, impermeáveis à chegada dos drones.
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