O projeto que lancei este ano pretende arejar os ares na política, apresentando novos candidatos, com propostas sérias, para renovar o ambiente da Câmara de São Paulo
Este ano me dediquei ao projeto Agulha no Palheiro, para renovação da Câmara Municipal de São Paulo. Por meio de entrevistas postadas nas minhas redes sociais, apresentei candidatos novos, que nunca tiveram mandatos, com propostas sérias, por partidos limpos, para qualificar e renovar a Câmara. Foquei as energias na minha cidade, quase como um projeto-piloto para ver se conseguimos, com iniciativas desse tipo, arejar o ambiente nocivo que se tornou a política brasileira nos últimos anos. Os objetivos principais do projeto foram dar força a candidaturas que desafiam a classe política que se apropriou do poder legislativo, divulgar quem se contrapõe ao crescimento do pensamento conservador de base opressora e fundamentalista e democratizar e ampliar a participação popular na política.
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Fico sempre impressionado ao notar que, em todo ano eleitoral, a história se repete no Brasil: os veículos de comunicação concentram suas forças na divulgação das candidaturas majoritárias, deixando de lado a eleição proporcional. Candidatos a prefeitos, governadores, senadores e presidentes recebem todos os holofotes da disputa. Entretanto, este ano e ao longo do projeto, depois do espetáculo grotesco que foi a votação do impeachment da presidente Dilma na Câmara – quando os nobres deputados e deputadas faziam discursos evocando familiares, cidades, santos e até animais de estimação –, percebi que cresceu na população a consciência da necessidade de prestar mais atenção no voto para o Legislativo. A experiência traumática e horripilante da presidência arrogante e corrupta de Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados também ajudou nessa consciência nacional.
Novo ciclo
Nesta edição em que estamos tratando da poluição nos grandes centros urbanos e
da qualidade do ar que a gente respira, faz todo sentido abordar a tensão no ar por conta dos últimos acontecimentos políticos no Brasil e apresentar iniciativas que trazem novos ares a diversos setores do país. O Agulha no Palheiro contribui modestamente com a receita apresentada. A verdadeira renovação e qualificação do Legislativo e a busca pelos sonhados novos ares nesse ambiente hostil só são possíveis com: novos candidatos (seja na idade ou na cabeça) que nunca tiveram mandatos, para realmente sairmos da mesmice; partidos que não estejam envolvidos em escândalos de corrupção (para que um voto em um candidato bacana não contribua para um picareta se eleger nesse nosso estranho sistema de voto de legenda e proporcionalidade); propostas sérias, realizáveis e condizentes com os cargos em disputa (para evitar o populismo que engana os eleitores prometendo o que não se pode cumprir).
Pretendo iniciar logo um novo ciclo do Agulha no Palheiro, dessa vez focando a eleição do Congresso Nacional em 2018. Penso em listar pelo menos dois candidatos por estado (sempre um homem e uma mulher), com essas mesmas características usadas para a Câmara de São Paulo. Imaginem se isso pega. Imaginem se com essa mobilização conseguimos ajudar a eleger pelo menos 20 novas figuras para o Congresso. Já faria uma bela diferença. Ao lado de todas as medidas para combater a poluição e buscar cidades mais sustentáveis, isso ajudaria a mudar o ar no Brasil.
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