Essas duas mulheres fazem parte de uma família que construímos através dos oceanos: a gente gosta de viver na essência
Fui para Amsterdam agora, para passar um fim de semana com essas duas mulheres. Uma é da Inglaterra e a outra, da Finlândia, só que uma mora na Escócia e a outra, na Nova Zelândia, eu sou dos Estados Unidos e moro no Brasil e a gente se conheceu na Indonésia.
São oito países no mesmo parágrafo e eu nem entrei em detalhes ainda. Porque a gente não precisa de territórios e da mesma língua para se entender. O corpo fala alto, o amor, mais alto ainda, o desejo grita estrábico de vez em quando.
Essas duas aqui são a minha comunidade, fazem parte de uma família que construímos através dos oceanos. Somos uma família porque a gente gosta de tomar vinho depois de fazer esporte, de esticar o corpo e comer salada na banheira. A gente gosta de comer com a mão, de descobrir as frutas do momento, e depois esfregar as cascas no rosto e passar horas na cama com o coelho do vizinho.
São a minha família porque a gente gosta de viver da forma mais visceral possível, de viver na essência, de chorar no colo da outra. Quer dizer, somos amigas.