por Redação

As cartas pelo fracasso de Pereira em tentar receber cartas

É carência. Confesso. Não sei se de idéias ou de atenção. Mas, como forma de pagamento pela minha coluna, exigi um e-mail só para mim.

pereira@revistatrip.com.br. Resultado: zero carta em duas semanas.

Quando me vi redigindo até as cartas para minha coluna, como fracassado inconformado que sou, roguei para os colegas que me enviassem querelas. Esse foi o resultado, meus caros sete, minto, oito (obrigado Janaína) leitores.

Pelo menos, as cartas agora são reais.

De: Pereira

Data: Quinta-feira, 1 de Maio de 2003 13:15

Para: Bruno Nogueira, Iara Crepaldi, edumarcal@revistatrip.com.br, zemaia@revistatrip.com.br, Piti, clo@revistatrip.com.br, danilo@revistatrip.com.br, guilherme@revistatrip.com.br, Ronaldo Bressane, Beto Shibata, maru@revistatrip.com.br, Mariana Guimarães, Guilherme Médici, belcoelho@revistatrip.com.br, Daniel Costa, Nelson Mello, Cecília Dias

Assunto: Querelas

Meus caros,

A próxima "escoliose" será apenas de respostas às questões enviadas por leitores. Pela falta de material, estou redigindo também as perguntas. Lamentável.

Então, se algum de vocês, nobres almas, tiver dúvidas em relação a meu trabalho, fracassos ou pessoa física, por favor, mande. Terei o maior desgosto em responder.

Grato

Pereira

De: Ronaldo

Data: Quinta-feira, 1 de Maio de 2003 13:15

Para: Pereira

CC: Bruno Nogueira, Iara Crepaldi, edumarcal@revistatrip.com.br, zemaia@revistatrip.com.br, Piti, clo@revistatrip.com.br, danilo@revistatrip.com.br, guilherme@revistatrip.com.br, Ronaldo Bressane, Beto Shibata, maru@revistatrip.com.br, Mariana Guimarães, Guilherme Médici, belcoelho@revistatrip.com.br, Daniel Costa, Nelson Mello, Cecília Dias

Assunto: Re: Querelas

Saci-Pereira,

Que tal considerar a idéia de externar a público a sua total derrota no intuito de estar tentando obter a atenção dos internautas inclusive reproduzindo esse vosso patético apelo?

Alma atormentada pelo fascínio da quedalivre, aprofunda-te até o fundo do poço de teu ser indomitamente perdedor e retira lá desse abismo a luz negra que por certo somente guiar-te-á rumo às trevas do anonimato fatal, e daí à dor cruel da solidão, a dança macabra dos entes autistas, em muda revolta contra os lábios moucos da glória e da fortuna efêmeras.

Em outras palavras: cague e ande!

Abraço,

RB

Resposta de Pereira

Caro Bressane,

Aqui está realizada sua sugestão. Meu patético apelo, minha total derrota em conseguir atenção internética. Seu conselho na seqüência é de uma sabedoria profunda como as fossas sanitárias. Tocaste nos furúnculos de meu espírito opaco com teus laboriosos vocábulos. Mas, como o destino me acomete toda manhã com tenras degracinhas, há duas décadas já faço uso de tua conclusão prática - defeco e caminho. E faço mais: caminho e defeco.

Agora, só me inquieta um detalhe em tua e-pístola: que cargas d'água é mouco?

Sem mais,

Pereira

De: Zé Maia

Data: Quinta-feira, 1 de Maio de 2003 14:05

Para: Pereira

CC: Bruno Nogueira, Iara Crepaldi, edumarcal@revistatrip.com.br, zemaia@revistatrip.com.br, Piti, clo@revistatrip.com.br, danilo@revistatrip.com.br, guilherme@revistatrip.com.br, Ronaldo Bressane, Beto Shibata, maru@revistatrip.com.br, Mariana Guimarães, Guilherme Médici, belcoelho@revistatrip.com.br, Daniel Costa, Nelson Mello, Cecília Dias

Assunto: Re: Querelas

Lá vai:

Nobre Pereira,

como se sente tendo que redigir perguntas a você mesmo e mendigando perguntas aos próximos? A completa falta de interesse por conta do público e o desleixo por parte de sua editora em relação às suas colunas te afetam? O Sr. ainda consegue se considerar um lixo ou já se vê como um verme?

Zé Maia

Resposta de Pereira:

Caro conviva,

Em primeiro lugar, você não tem autoridade para me considerar lixo ou um verme. Afinal, rapaz, você é de Brasília.

Em segundo, lembre-se: a glória do loser é sua derrota. Sem ela, vagaria o perdedor como um zumbi viúvo, de olhos inchados e com a alma fedendo. Assim, só tem sentido a "escoliose", só me traz a doce alegria deprimida das tragédias solitárias, quando não há leitores (exceto vocês meus oito fiéis), quando não há editor que o leia, quando não há link que funcione.

Por hoje é só,

Pereira

De: Cecília Dias

Data: Sexta-feira, 2 de Maio de 2003 11:09

Para: Pereira

CC: Bruno Nogueira, Iara Crepaldi, edumarcal@revistatrip.com.br, zemaia@revistatrip.com.br, Piti, clo@revistatrip.com.br, danilo@revistatrip.com.br/a>, guilherme@revistatrip.com.br, Ronaldo Bressane, Beto Shibata, maru@revistatrip.com.br, Mariana Guimarães, Guilherme Médici, belcoelho@revistatrip.com.br, Daniel Costa, Nelson Mello, Cecília Dias

Assunto: Re: Querelas

Pereira,

Realmente lamentável!! Uma revista desse escalão submetendo seu colunista a se prestar a este tipo de papel...

Mas vamos lá! Afinal algumas perguntas universais permanecem sem resposta e outras tantas podem ser dirigidas a você.

  1. Por que, após 5 anos de sua morte, o chato do Renato Russo continua a nos importunar?
  2. Qual a metodologia empregada por você para decifrar e decorar o refrão de "Ragatanga"? Você acha que existe algum significado conotativo nesse verso? Alguma mensagem subliminar? Alguma manifestação incompreensível para a maioria, mas totalmente clara para algum nicho?
  3. Você acredita que a mutação lingüística faz parte do processo evolutivo de um povo? Neste sentido, acharia adequado que o "gerundismo", o ?a nível de? e o ?enquanto ser humano? deveriam ser incorporados à morfologia brasileira, e seus usos cotidianos não mais se caracterizarem como heresias gramaticais?
  4. Por que tanto a TRIP, quanto a VIP, quanto a Playboy tem mulheres nuas ou seminuas na capa e no recheio?
  5. Você tem medo de virar apenas mais um rostinho bonito na internet?
  6. Você já ouviu falar do abimonismo? O que é isto? É ilegal? É cancerígeno?

Valeu?

Beijocas, Ciça

Resposta de Pereira

Cara Ciça,

Acontece que a TRIP mal sabe que eu escrevo neste espaço. Só tenho esta coluna pois a editora on-line deste site morava de favor com parentes meus em Boituva.

Mas vamos lá:

  1. Você indaga sobre Renato Russo... Faço minhas as palavras de um grande amigo, jornalista ilustre, Bruno Nogueira: chato é como herpes. Some, mas nunca morre.
  2. Sobre o refrão do "Ragatanga", o sucesso das meninas do grupo Rouge, esmiuçado em minha coluna anterior, intitulada "A Psicopatologia do "Ragatanga"?. O método utilizado para a reprodução do caos silábico do estribilho foi simples. Fui à faculdade de psicologia da USP e ofereci um disco do Twister a quem primeiro me entregasse a transcrição. Não deu outra, em vinte segundos eu já tinha a letra. Você também quer saber se há alguma mensagem subliminar, ou uma mensagem não compreendida pela maioria. Posso dizer categoricamente que sim. "Aserejé, ja deje tejebe tu de jebe re Seibi uno uba amajabi ande bugui ande buidi dipí" na verdade é um embaralhamento, chame de palíndromo, da seguinte frase: "Compre o nosso disco, faça sexo com animais, pirataria é crime e reze para o Satã". Pode conferir.
  3. A nível de terceira de suas perguntas enquanto leitora, eu estaria acreditando que a mutação lingüística, estaria estando para nossa prole idiomática como um porco preto em uma ninhada de garças. É abominável, mas dá tanto mote pra piada que vale a pena.
  4. A resposta para a pergunta quatro é simples... Porque é disso que o velho gosta, é isso que o velho quer...
  5. Não. Meu medo é virar apenas um rostinho feio na carteira de papai.
  6. É claro que já ouvi falar de abimonismo. Não sou adepto, mas digo, sem medo de errar, que só o abimonismo salva.

De: Guilherme Médici

Data: Sexta-feira, 2 de Maio de 2003 14:37

Para: Pereira

CC: Bruno Nogueira, Iara Crepaldi, edumarcal@revistatrip.com.br, zemaia@revistatrip.com.br, Piti, clo@revistatrip.com.br, danilo@revistatrip.com.br, guilherme@revistatrip.com.br, Ronaldo Bressane, Beto Shibata, maru@revistatrip.com.br, Mariana Guimarães, Guilherme Médici, belcoelho@revistatrip.com.br, Daniel Costa, Nelson Mello, Cecília Dias

Assunto: Re: Querelas

Olá Pereira,

Muito me honra fazer parte deste seleto grupo de oito leitores de sua coluna. Questões não me faltam na cachola, principalmente por serem dirigidas a uma pessoa de seu teor.

Aproveito o meio para perguntar-lhe:

  1. Sempre fostes um perdedor ou foi algo que adquiriu com o passar dos anos?
  2. Você é do tipo que espalha correntes e "urban legends"?
  3. Vestiu verde-e-amarelo em apoio ao ex-presidente Fernando Collor?
  4. Você foi Fiscal do Sarney, com tabela da Sunab em punho, e tentou fechar alguns supermercados?
  5. Já foi vítima de algum golpe de estelionato? Já comprou o Pão de Açúcar ou o Cristo Redentor? Quantas vezes?
  6. Tem algum álbum do Milli Vanilly?
    Por fim,
  7. Se eu tenho 13 Kg de carne, dá pra vinte comer?

Abraço do ébrio

Guilherme Médici

Resposta de Pereira

Caro Guilherme Médici,

Muito me honra ter em meu rol de oito leitores um sobrenome podre como o teu.

Aproveito o meio para responder-lhe:

  1. Ninguém nasce loser, menos ainda torna-se um. Loser é uma herança cármica, infinita, existia antes da Gênese e será perene depois do Apocalipse. É um destino como o dos hemorroidários, candidisíacos ou palmeirenses.
  2. Nunca espalhei corrente ou essas lendas urbanas, até porque nem todas são lendas. Eu sei disso pois uma linda garota roubou meu rim depois de uma festa muito louca.
  3. Amigo... eu sou loser, não sou débil.
  4. Nos tempos de Sarney, confesso... andava com a tabelinha da Sunab sim. Mas eu era apenas uma criança, eu não sabia o que estava fazendo. Foi aquele velho de bigode que me fez fazer aquela coisa horrível...
  5. Nunca fui vítima de estelionato, mas respondo a três processos por tentativa de venda de patrimônio público. Foi uma piada, mas anunciei o Borba Gato no Primeira mão. Os Federais não têm senso de humor.
  6. Peralá, amigo... sou loser, não sou débil.
  7. Encaminhei a pergunta à senhora sua mãe. Ela falou que, por ela, eu só preciso entrar com o espeto.

Sem mais,

Pereira

De: Iara Crepaldi

Data: Sexta-feira, 2 de Maio de 2003 18:53

Para: Pereira

CC: Bruno Nogueira, Iara Crepaldi, edumarcal@revistatrip.com.br, zemaia@revistatrip.com.br, Piti, clo@revistatrip.com.br, danilo@revistatrip.com.br, guilherme@revistatrip.com.br, Ronaldo Bressane, Beto Shibata, maru@revistatrip.com.br, Mariana Guimarães, Guilherme Médici, belcoelho@revistatrip.com.br, Daniel Costa, Nelson Mello, Cecília Dias

Assunto: Re: Querelas

Pereira,

Loser é hype?

Iara C., jornalista hype que nutre gosto pelo bizarro, pelo insólito

Resposta do Pereira

Cara,

Hype é compromisso, loser é destino.

No entanto, sinto um movimento entre alguns jornalistas e designers de certos veículos hypados tentando emplacar a sina do loser como uma nova tendência socialmente desejável. Se isso acontecer, os losers, como os hypes, poderão se embriagar nos egos e, cheios de confiança, passar de perdedores charmosos a vencedores ridículos, o que ao meu ver, apesar do sexo mais farto, é terrível.

Toda a vitória à derrota.

Pereira

Por hoje é só, mas, por favor, não me façam mais contar com os amigos para receber afagos, ofensas, sugestões ou questões sobre minhas colunas. Anota aí: pereira@revistatrip.com.br

Agradecido

Pereira

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