Aventura literária em pleno sertão

por Luiz Alberto Mendes

  Feira  do  Livro de Mossoró

 

Terça feira, 7 horas da manhã, embarquei em uma dessas aventuras inesquecíveis da vida da gente. Fui participar de bate-papo literário na 6ª Feira do Livro de Mossoró. A viagem era com escala em Brasília que virou conexão. Tomamos uma canseira enorme no aeroporto superlotado de Brasília. Passei mal, a pressão caiu, dor de cabeça, angústia, inferno físico e mental. Estava atordoado e com a cabeça latejando quando cheguei a Natal. Respirei o ar puro e fui melhorando. Mas tinha mais 3 horas de viagem de carro até Mossoró. Cheguei meio morto ao hotel. Teria que me apresentar na feira, mas nem deu: fui direto pra cama, eram 21:00 horas.

Acordei melhor. Abri a janela e entrou um calorão no quarto que em poucos minutos me deixou todo suado. Acho que a temperatura ultrapassava os 40°. Banho demorado, janela fechada e ar condicionado. Logo o Marcos da Oficina da Notícia, a empresa que promove a feira, veio me buscar. Entrevista na TV TCM. Emissora local, com grande audiência que instalara pequeno estúdio dentro da feira. É a Bienal do Livro em menor plano. Livros, revistas, cordéis, gente falando de livros, de folclore, em trajes típicos, cantando, tocando e dançando pra todo lado.

A Feira tinha características de festa, bem ao sabor da alma do nordestino. O fascinante é que é uma feira de livros em que estão importantes editoras e livrarias da região, em plena cidade sertaneja. Talvez essa seja uma das iniciativas mais importantes e necessárias. Levar o livro e a cultura aos mais longínquos rincões deste nosso país.

Repentinamente tudo ficou inundado de crianças com uniformes escolares, de todas as idades e tamanhos. Lotaram a feira. Todas as escolas da região tiveram a mesma idéia ao mesmo tempo. O som da alegria delas quase impediu a transmissão da entrevista. Voltamos ao hotel. A feira era aclimatada, o taxi tinha ar condicionado e o enorme hotel Villa Oeste era todo aclimatado. Sair ao ar natural era como sair na chuva. Ensopava o corpo e a roupa toda, instantaneamente.

Entrevista em rádio local, almoço de qualidade no hotel e novamente entrevista em TV. A entrevistadora era uma garota lindíssima, simpática e com um sorriso encantador.

À noite a feira entupida de gente a ponto de literalmente, nos impedir de andar. Até chegar ao local da palestra passamos apertados. O tema era “Literatura como Salvação Pessoal” eu e o escritor Aécio Cândido conversaríamos a respeito. Acabei me empolgando e fazendo meu discurso e, deseducadamente, deixando pouco tempo para o professor. Mas ele não se queixou, até apreciou minha fala.

Despedi daquela gente toda da Oficina da Notícia. Taxi, ar condicionado e hotel. Sai 7 horas da manhã de carro para Natal. Esperei cerca de 4 horas no aeroporto. No avião logo após a decolagem, começou a dor de cabeça. Depois o mal estar. Cheguei a Brasília aos pedaços. Tonto, desorientado, com fortes dores na barriga e na cabeça. Embarquei para São Paulo quase tombando. De Brasília para São Paulo vim gemendo e a pulso. No aeroporto comprei remédios, tomei e vim para a cidade de Embú das Artes. Cheguei às 22 horas em minha casa.

Estava cansado, mas muito melhor. Respirar o ar puro era tudo o que precisava. São Paulo com a temperatura a 13° e caindo. Matei saudades de meus filhos e meu cão só em olhar e ver que estão aqui e bem. Tremi embaixo das cobertas até sentir aquele calorzinho gostoso e devo ter desmaiado. Acordei agora pouco, devo ter emagrecido uns 3 ou 4 quilos nessa viagem, precisava mesmo...

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Luiz Mendes

06/08/2010. 

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