Por Redação
em 21 de setembro de 2005
Continuou repercutindo na imprensa este fim de semana o ‘escândalo da celulite’ durante os desfiles de moda. Revistas e jornais aprofundaram o tema, ouvindo psicólogos, nutricionistas, terapeutas corporais, técnicos em drenagem linfática, agentes e mães de modelos, e até artistas que ganham a vida exibindo seus físicos como Tiazinha e Feiticeira.
Como diria o personagem do programa humorístico, ‘há controvérsias…’ Uns dizem que celulite não faz diferença, outros acham que uma modelo que ganha 10 mil reais por desfile não pode se dar esse luxo. Uns falam que é pouca ginástica e muita larica, outros afirmam que é genético e não há técnica capaz de sumir com aquele efeito de areia urinada que insiste em apavorar nádegas e coxas femininas. O que poucos parecem ter se dado conta, porém, é o tamanho do estrago que estes furinhos, e principalmente a repercussão que se dá a eles, deve ter feito nas cabeças dessas garotas de dezoito ou dezenove anos dentro das quais cohabitam Cleópatras poderosas e menininhas carentes, solitárias e despreparadas. Esta mistura costuma ser explosiva e dificílima de administrar.
É uma briga covarde em que a Deusa da Perfeição, que deixa os mortais embriagados de desejo, perde invariavelmente para uma espinha no nariz, um milk shake com fritas, um furúnculo impertinente, o pé na bunda do namorado ou para a implacável e temível celulite. Isso quando se fala em adolescentes, quando tudo é belo e tem a consistência das frutas verdes.
O tema ganha colorido bem mais medonho no fim dos vinte e começo dos trinta, quando a revolução hormonal e seu aliado tempo transformam-se em hordas de ostrogodos, fazendo estragos e derrubando as mais perfeitas obras em todo território.
Falando em gente boa que morreu disso, pouco se divulgou, mas Marilyn Monroe, certamente o ícone mais cultuado de beleza feminina do século XX, não era loira nem tão bela quanto parecia ser. Sua montagem levava, segundo as mais precisas biografias, de uma hora e meia a três horas. Seu cabelo era cuidadosamente tingido, suas roupas pelo menos dois números menores que seu manequim, fato ao qual aliás, atribuiu-se seu hábito de desprezar roupas de baixo. Mais ainda, numa época em que estes procedimentos eram pouco comuns, Marilyn passou por pelo menos duas cirurgias plásticas corrigindo imperfeições em seu rosto (nariz e queixo).
Há uma polêmica entre seus biógrafos atribuída ao fato de que alguns afirmam que ela teria protagonizado uma das primeiras cirurgias de colocação de próteses nos seios, o que os outros contestam veementemente.
A luta contra o peso, injeções de hormônios e mesmo os primeiros sinais da idade perceptíveis nas últimas fotos feitas antes de sua morte, reforçam a tese de que Marilyn foi sem dúvida a mais famosa história da derrota inexorável da fragilidade do ser humano diante da projeção de perfeição que se despeja sobre seus ombros. Uma frase retirada do livro The Complete Marilyn Monroe ajuda a entender um pouco desta luta perdida. ‘Eu só queria esquecer toda a infelicidade, toda a miséria que minha mãe teve em sua vida, e que eu tive na minha. Eu não consigo esquecer, mas eu queria tentar. Quando eu sou Marilyn Monroe e não penso em Norma Jeane, às vezes funciona…’
Como todo mundo sabe, a versão mais aceita revelou sua morte aos 36 anos por overdose de barbitúricos. Que as meninas do Morumbi tenham melhor sorte.
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