Amor nos tempos de comédia

por Lia Hama
Trip #221

Luis Fernando Veríssimo fala sobre saúde, medo da morte e nova adaptação de sua obra para a TV

Luis Fernando Veríssimo fala à Trip sobre saúde, medo da morte e a mais nova adaptação de sua obra para a TV, uma série baseada em seus textos sobre casais

“Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês.” A frase de Luis Fernando Verissimo abre o livro As mentiras que os homens contam, um dos best-sellers dele que traçam uma radiografia bem-humorada das relações entre casais. A visão do escritor gaúcho sobre o amor é tema de uma série de TV de 13 episódios – Amor Verissimo –, que será filmada em setembro pela Conspiração. A atração estreia no final do ano no GNT. Recentemente o humorista de 76 anos passou 24 dias no hospital por causa de uma gripe que evoluiu para uma infecção generalizada e prejudicou sua mobilidade. Casado há mais de 30 com Lúcia, sua primeira “namorada séria”, com quem tem três filhos, Verissimo falou à Trip sobre relacionamentos, humor e medo da morte.

Um casal rende boas piadas?
Como é aquela frase do Tolstoi? Todas as famílias felizes são iguais, mas cada uma é infeliz à sua maneira. Há mais maneiras de um casal se desentender do que de se entender, e há muitas maneiras de descrever isso, com mais ou menos humor.

Qual é o seu conto de amor preferido? Por quê?
Não é o favorito, mas um chamado “Bandeira branca” [leia aqui] circulou mais do que os outros e entrou em algumas antologias.

Qual a sua opinião sobre a nova geração de humoristas, como Marcelo Adnet, Fábio Porchat e Gregório Duvivier?
Tenho visto o trabalho deles, inclusive, no Porta dos fundos, e acho excelente. É uma nova fase do humor brasileiro, que se livra da velha tradição do circo, do rádio, do teatro de revista e da caricatura grotesca, como ainda se vê no Zorra total. Independentemente, claro, dos gênios do velho estilo, como o Chico Anysio.

Como está a sua saúde?
Está ótima. Tive que reaprender a andar, e isso me levou a fazer fisioterapia intensiva, o que tem sido muito bom.

Em entrevistas recentes, você citou alucinações que teve no hospital. Como foi?
Consistiam em ver coisas irreais à minha volta, como um esquema secreto de contrabando de crianças asiáticas na UTI do hospital. Eu não conseguia caminhar e, para sair da cama, tinha que ser com uma enfermeira, abraçado. Não sei se sonhei ou se foi verdade, mas tenho a lembrança clara de dançar uma valsa com ela.

O que você gostaria de fazer que não fez?
Meus projetos são todos de curto prazo, como o de viajar este ano para Paris e Londres.

Sente mais medo da morte hoje?
Medo, ou consciência, da morte eu tenho desde criança. Com a idade a gente se sente mais vulnerável. Mas fazer o quê? É como jogar contra um time que você sabe que no fim vai ganhar. Só nos resta tentar jogar bem e não dar vexame.

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