O mundo seria melhor se cada um soubesse a que veio
Em 1976, dois anos antes da Copa de 78 na Argentina, o São Paulo Futebol Clube comprou um jogador pra resolver seus problemas no ataque. Contratado junto ao Peñarol do Uruguai, esse jogador prometia ser o novo Pedro Rocha. Pra desespero da diretoria e revolta da torcida, o tal jogador não fazia nenhum gol lá na frente. Até que Rubens Minelli, acho que foi ele, resolveu colocá-lo na zaga, lá atras na defesa. Daí pra frente o que se viu, por mais de uma década, foi um dos maiores zagueiros que os gramados brasileiros presenciaram. Arriscaria dizer que um dos maiores do mundo.
Para quem não conhece, esse sujeito era Daryo Alfonso Pereira, ou, simplesmente, Daryo Pereira. Mais tarde, já aposentado, resolveu ser treinador, mas seu talento nessa posição era como quando quis ser centroavante. Infelizmente.
Casos como esse ocorrem aos montes. A toda hora, em todo lugar. Talentos enormes são desperdiçados ou passam anos no casulo, em promessa jamais cumprida, por simplesmente não serem alocados na posição certa. Talvez 90% dos problemas do mundo estariam resolvidos se cada um de nós pudesse saber ao certo pra onde nosso coração e nosso talento pende na balança.
Penso nisso e me vem a imagem de Bush, o filho, em longas e intermináveis cavalgadas nas planícies do Texas. Depois, voltando pra casa, ao final da tarde, legitimamente cansado, é presenteado na varanda por uma boa cerveja gelada trazida por Laura. Em movimentos lentos e decididos, esticaria suas pernas curtas, ajustando a cadeira no terraço para que tudo ficasse em harmonia e os pés exaustos apoiassem no parapeito de madeira. De mãos dadas com a esposa, em discreto balançar, diria, suspirando, após o primeiro e dedicado gole: "What a day today honey...".
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