A volta do Velho Maza

por Luiz Filipe Tavares

Mazinho Lima, ex-Mestre Ambrósio, lança disco solo com show no SESC Pompeia

Aos 50 anos de idade, um ícone dos primeiros acordes do mangue beat volta a trazer seu caldeirão musical para São Paulo. Mazinho Lima, o Velho Maza, que integrava a formação do pioneiríssimo Mestre Ambrósio, se apresenta na terça (14) na Choperia do SESC Pompeia, apresentando o repertório de seu primeiro álbum solo, o excelente Músicas para dançar, cantar, ouvir, lançado ainda em janeiro deste ano e disponível na integra no perfil de Maza no Soundcloud.

Gravando quase todos os instrumentos (exceto pela bateria, gravada por outro ex-Mestre Ambrosio, Éder Rocha), Mazinho compilou carinhosamente composições antigas e novas criações em um disco irretocável que traz influências tão diferentes como Fagner, Alceu Valença, Led Zeppelin e de tantas guitar bands. Mas não espere um show intimista durante a apresentação de sua banda no festival Prata da Casa, porque o violonista chega bem acompanhado para fazer barulho no palco do SESC.

"A banda está montada e de sozinho eu não vou ter nada", ri o compositor pernambucano em entrevista à Trip. "Vamos tocar como um quarteto com o Arruda no baixo, Éder 'O Rocha' (ex-Mestre Ambrósio) na bateria e o Ricardo Carneiro na guitarra. Esse show ainda vai ter a participação especial de Mestre Nico e mais algumas surpresinhas. Quem for ao show, verá."

"Sempre fui muito eclético e gosto de muita coisa diferente. Eu gosto de rock, de samba, enfim. O próprio Mestre Ambrósio já era assim. Apesar de nós, na época, trabalharmos com uma linguagem musical bem nordestina, nossa bagagem musical era totalmente diferente", continuou Maza, comentando as diferentes influências presentes em seu primeiro trabalho solo. "Os seis integrantes tinham suas próprias influências, mesmo com o foco do grupo ficando na música regional."

O tempo passa

Em 1992, quando o Mestre Ambrosio foi fundado por Siba e companhia, a visão de mundo percebida por Mazinho era quase que diametralmente oposta à que tem hoje. O próprio Maza comentou as mudanças pelas quais ele e o país passaram nesses últimos 30 anos, usando como exemplo o que aconteceu com a economia brasileira após o plano real.

"Vão se passando os anos e você vai vendo coisas e coisas. Eu não imaginava nunca que o Brasil chegaria nessa situação econômica em que nos encontramos hoje, por exemplo. Não dava pra imaginar um Brasil sem inflação há 30 anos", reflete o compositor, que passou recentemente da faixa dos cinco-ponto-zero. "Meio século faz com que a gente perceba e constate cada vez mais mudanças. E isso é mostrado diretamente na minha música. Escrever agora é muito mais fácil do que antes. Com cinquenta anos você consegue perceber muito melhor e mais exatamente o que você quer dizer. Antigamente eu tinha mais gás, mas hoje é bem mais fácil fazer música mais objetivamente."

Mesmo com o implacável avanço do relógio, os fãs do som do Mestre Ambrósio tem muito o que se identificar com a sonoridade da carreira solo de Mazinho Lima. "Nos shows não haverá nada de Mestre Ambrósio. Musicalmente, claro, há referências que vão tocar os fãs da banda. Mas não diretamente. A maior parte delas são referências para Ambrosio também. Mas aquela pegada forte do maracatu, não. Prefiro guardá-las para quando os outros cinco estiverem comigo [gargalhadas]."

Ouça o disco de estreia da carreira solo de Velho Maza na íntegra abaixo.

Vai lá: Velho Maza no Prata da Casa
Quando: 14/05, terça, Às 21h
Onde: SESC Pompeia - Rua Clélia, 93 - Pompeia, São Paulo
Quanto: Grátis
Ingressos: Pela rede IngressoSESC
Informações: (11) 3871-7700

fechar