A maior transformação da nossa era

”Levei meu neto a sua primeira passeata e participei da grande experiência da atualidade”

 

 

Levei meu neto Joaquim a sua primeira passeata e participei da grande experiência de transição da atualidade: uma manifestação de indivíduos autônomos capazes de conduzir seus próprios destinos

Caro Paulo,

Outro dia, eu e Joaquim fomos à passeata contra a corrupção na avenida Paulista. Era a sua primeira passeata e eu estava orgulhoso de ser o avô que iniciava o neto no exercício de opinião usando as pernas, os braços e somando vozes em praça pública para mudar a realidade. Isso funciona e a história está aí para provar. Confesso que me emocionei muito quando ouvi o Joaquim gritar junto comigo em plena avenida: “Acorda, brasileiro, estão roubando seu dinheiro!”.

Mas ali tinha outra emoção também muito importante competindo com a experiência do avô. Todas aquelas pessoas reunidas na avenida, inclusive eu e o Joaquim, não tinham sido convocadas por um partido nem por um sindicato ou uma igreja. A convocação/combinação tinha sido feita um a um via rede social. Ali estava acontecendo a grande transformação de nossa época: indivíduos autônomos se auto-organizando em função de seus interesses. Uma experiência na qual Joaquim e eu éramos igualmente crianças: a vida em rede.

A multidão sem lideranças e partidos era um organismo vivo, autônomo com suas causas e interesses muito claros. Mas durante toda a passeata um amigo no Twitter insistia em dizer que aquele movimento não chegaria a lugar nenhum porque justamente faltavam partidos e líderes que o conduzissem e garantissem a consequência do ato. Talvez, o tempo dirá.

De qualquer forma, para mim, essa era a grande transformação esperada! Não mais a democracia nem o socialismo nem o comunismo ou o capitalismo. Mas uma sociedade formada por indivíduos autônomos capazes de conduzir seus próprios destinos, conectados, bem informados, interagindo e negociando seus interesses permanentemente.

É o poder da cidadania ativa criando um ruído no ambiente das estruturas corrompidas pelo poder concentrado e delegado. Não uma cidadania legal de direitos e deveres, mas uma cidadania de indignação e transgressão.

É a época, não o lugar

Occupy Wall Street tem a mesma natureza. E não é surpresa que pessoas em 83 países do mundo inteiro tenham a mesma iniciativa, como aconteceu uma semana antes de escrever esta coluna. Tem a ver com a época, não com o lugar.

Dois fatores viabilizam essa transformação épica: a tecnologia de informação e comunicação que põe a rede de pé e pessoas com inspiração, ambição, competência e consciência. É neste capítulo que a nossa Trip entra cumprindo sua missão de provocar, inquietar, questionar, propor, transformar.

Na política, Trip jamais seria um partido com estrutura e hierarquia, mas um movimento permanente de destruição e criação em busca de transformação.

Parabéns por se manter na missão, apesar de todos os descaminhos sedutores que te tentaram, meu amigo transformador.

Joaquim e eu agradecemos.

Nosso abraço,

Ricardo

*Ricardo Guimarães, 62, é presidente da Thymus Branding. Seu e-mail é ricardoguimaraes@thymus.com.br e seu Twitter é twitter.com/ricardo_thymus

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