A Crônica de Lauro - o Canalha.

por Luiz Alberto Mendes

A poeira do chão entrava no sapato/ O orvalho envolvia em veludo lagrimas antigas

 

POEMETOS

I

Subitamente só

A poeira do chão entrava no sapato

O orvalho envolvia em veludo lagrimas antigas

Os olhos tomavam a madrugada de surpresa

Prédios tatuados de horríveis grafites

À margens de rios mortos de lodo podre

À frente, disforme e inatingível, na rua

Seguia o homem, pesado de história

 E só, como uma pedra.

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II

Lá fora

Como brancas e esguias mãos

A chuva fazia rendas de luz

Enquanto o vento chorava

E rezava pela janela

O silêncio narcótico e o ar viciado

Envenenavam a tarde de melancolia.

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III

Ela era inteira

Como um laço bem feito

Uma presença definitiva

Tempestade que varre em círculos

Onde fervilham complexas contradições

E eu, incompleto, ermo de amor, fui tropeçando

Nas pedras esparramadas

E na dobras do chão rompido

Como uma pequena lágrima a rolar

Atônita e perdida.

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IV

A vida estava ali parada

Encostada a um poste

Apalpando meu corpo com sua mão gelada

Enquanto a alma ardente

De doce ansiedade se desmanchava

Tristes pedaços de esperanças

Desencaixados em meus dias de aço

Exigiam mais que passos

Saltos, espasmos.

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V

Sei para onde estou indo

Por isso mesmo que estou indo para lá

Para, finalmente

Chegar a algum lugar.

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Luiz Mendes

04/03/2010

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