Comecei minha coluna na revista Trip há cerca de sete anos. Ainda estava preso
Pós moderno
Parece que a aceleração do tempo a comprimir o espaço esta acabando com o movimento. Tudo vai se padronizando pela utilidade. Ao que tudo indica, venceram os utilitarista. John Dewey e William James devem estar no além festejando a vitória do pragmatismo.
A maioria, afirmando-se realista, acreditam que devemos nos render às evidências e a partir delas pensar a vida. Eu cá, relativista, penso que tudo pode evoluir e se desenvolver e então produzir uma nova realidade. Ou não, como diria Caetano.
Na área em que atuo, a literatura, parece que o movimento terminou. Os pós-modernos afirmam que chegamos ao fim da história. Não há mais escolas literárias. Os estilos se tornaram semelhantes, quase todos escrevem parecido. O que vale é o conteúdo, arte já era; é preciso ser objetivo e rápido. O melhor escritor não é o que expõe com mais clareza e sim o que se expressa com menos palavras.
Comecei minha coluna na revista Trip há cerca de sete anos. Ainda estava preso. Não havia limite de toques mesmo porque eu escrevia à mão. Mas alguns textos no começo tinham mais de seis mil toques. Depois o limite veio para cinco mil toques. Em seguida para quatro mil e quinhentos. No ano passado comprimiu mais ainda; a exigência é de três mil e quinhentos toques no máximo.
A folha que publicam minha coluna continua do mesmo tamanho. A fotografia, o desenho e o que chamam de arte (como se o texto não o fosse) venceram. A idéia foi comprimida para que o sensorial se manifeste. Provavelmente porque as pesquisas indicam que vende mais assim. Ou então o que pensar?
Não é só no texto, que esta assim; é em todos as manifestações artísticas. No cinema, na pintura, teatro e musicais. Não se une mais tendências. Forma-se tribos individualizadas e fechadas. Cultiva-se o fragmentário e o transitório; o tempo esta acelerando o espaço e a vida como se o mundo fosse acabar amanhã ou daqui a pouco.
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Luiz Mendes
26/03/2010.