10 anos modernos

por Davi Rocha

Banda Cérebro Eletrônico comemora uma década de existência e olha para o futuro

Tudo começou nos idos de 2002, com Tatá Aeroplano e Fernando Maranho gravando algumas músicas de forma caseira em um apartamento em São Paulo. Durante esse processo, aprenderam a gravar um disco em casa, conheceram outros músicos e formaram o Cérebro Eletrônico, que um ano depois lançaria Onda Híbrida Ressonante (2003).  

Dez anos e dois discos depois, os elogiados Pareço Moderno (2008) e Deus e o Diabo no Liquidificador (2010), eles se mostram um dos mais criativos e interessantes nomes da cena independente brasileira. O vocalista descreve em poucas palavras esta discografia: “O primeiro foi bem experimental, feito em casa, pensando mais na melodia. O segundo foi uma virada, valorizando mais as canções, com menos experimentalismo e gravado em estúdio. No terceiro chegamos à mistura das duas coisas, canções mais experimentação”.

As melhores músicas destes álbuns foram tocadas no show especial de dez anos que o Cérebro fez em fevereiro Sesc Pompéia, em São Paulo. Boa parte das músicas foi cantada pela plateia, dos momentos calmos de "Dê" e "Cama", passando pelas carnavalescas “Desquite” e “Decência”, com direito a confete e serpentina, fechando com o clássico "Pareço Moderno". As mais antigas, esquecidas do “repertório tradicional”, ganharam novo formato, como conta Tatá: “Eu tive que lembrar como cantava e acabei recriando um jeito para as músicas”. 

 

"A estrada é muito importante, é a força motriz de qualquer banda”, Tatá Aeroplano

 

Durante toda a apresentação, o clima era bastante amigável. Na plateia, amigos e fãs que frequentam todos os shows do Cérebro. No palco clima de festa com vários músicos: Dudu Tsuda, Leo Cavalcanti, Helena Rosenthal, Hélio Flanders, Peri Pane e os treze integrantes da Trupe Chá de Boldo. “Chamamos quem teve algum papel significativo na história da banda, desde integrantes até quem participou em momentos específicos”, detalha Tatá. 

Um dos convidados, André Abujamra, se ofereceu no camarim para produzir o próximo disco desta história. O convite foi aceito e o anúncio da parceria futura feito durante a apresentação. “A gente estava trocando uma ideia com o Abu no camarim sobre o disco novo e ele chegou perguntando: ‘quem vai produzir? Eu produzo pra vocês’”, relata o líder da banda. “A gente quer ir para um sítio. Nas outras ocasiões eu chegava com muitas ideias, dessa vez queremos começar do zero. Queremos fazer algo completamente diferente (dos outros trabalhos) para ficar fora da zona de conforto, estamos começando a pensar nisso”, completa.

Mas todo esse processo deve ficar apenas para o ano que vem. Em 2012, o Cérebro Eletrônico será a banda de apoio da turnê do primeiro disco solo da atriz e cantora Mayana Moura, produzido por Tatá, chamado Bipolar

Olhando para os dez anos

Ainda sobre a década que passou, Tatá lembra o quanto tem histórias para contar: “A gente fez muita coisa. O primeiro lugar que tocamos foi no Orbital, no lado Jardins da Augusta, que todo mundo tocava e hoje nem existe mais. Tocamos nos Sescs, depois começamos a viajar bastante, tocamos em diversos festivais, em outros estados, conhecemos pessoas que admiramos, fizemos amizades. A estrada é muito importante, é a força motriz de qualquer banda”. 

Ele conta que tem registrado todas essas histórias no papel, no que pode vir a ser um livro. “Quando eu tenho um tempinho escrevo um pouco sobre o Cérebro, as pessoas, isso é muito legal. Estou curtindo a vibe de lembrar a história, é bom para exercitar a memória”, conta, falando do passado e ao mesmo tempo dando o tom do que pode ser o futuro do quinteto.

Vai lá: www.cerebroeletronico.com

(*) Davi Rocha é jornalista, colabora com o site Rock n' Beats e escreve o blog popB

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