por Redação

Depois de perderem amigo em acidente de carro, jovens lançam filme para conscientizar e mobilizar a população

LUTO EM LUTA - TRAILER OFICIAL HD from MagicBus on Vimeo.

Mais de 35 mil pessoas morrem por ano no trânsito brasileiro, 1300 só na cidade de São Paulo. A perda de uma delas, do jovem Vitor Gurman, de 24 anos, atropelado no ano passado na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista, fez com que um grupo de amigos de juntassem para gravar o documentário “Luto em Luta”, que estreia hoje em cinco salas da rede Cinemark de São Paulo. A intenção é de conscientizar a população sobre os riscos da direção irresponsável e mobilizá-la com o lema: “Não adianta apenas ficar em luto pela perda de alguém”.

O documentário aborda a história de Vitor, atingido por uma motorista que estava acima da velocidade permitida no local e parecia estar embriagada, e de outras vítimas recentes, casos de Miriam e Bruna Baltresca, mãe e filha atropeladas na calçada por um homem que tinha ingerido grande quantidade de alcool. A advogada Carolina Menezes Cintra Santos, que morreu depois de seu carro ser atingido por um Porsche a 150 quilômetros por hora, também é lembrada.

“Essa cultura de 'Velozes e Furiosos' tem que ser mudada no dia-dia, mostrando para as pessoas que associar velocidade ao poder, ao status e ao sucesso é algo primitivo, ultrapassado. Isso vai ocorrer quando as pessoas deixarem de aprovar esse tipo de comportamento por parte de seus amigos, namorados e parentes. A partir do momento em que os motoristas sentirem uma 'repreensão social' ao terem uma atitude irresponsável ao volante vão perceber que não é mais algo cabível, assim como vem ocorrendo com o cigarro em locais fechados, por exemplo”, explica o cineasta Pedro Serrano, de 25 anos, diretor do filme e amigo de Vitor.

O filme, uma produção independente, é dividido em três partes. ''Barbárie'' conta a história dos personagens; ''luto'' mostra o sofrimento da família e dos amigos, e ''luta'' apresenta os grupos que buscam transformar o luto em atitude, como o ''Movimento Não Foi Acidente'' que vem juntando assinaturas para levar um projeto de lei ao Congresso Nacional a fim mudar as leis de trânsito atuais e acabar com a impunidade. 

“As leis devem ser mais rigorosas. A Lei Seca não funciona desde que se estabeleceu que as pessoas não eram obrigadas a produzir provas contra si próprias, garantindo o direito de não se submeter ao teste do bafômetro. Isso precisa ser urgentemente alterado. Além disso as penas brandas de hoje favorecem a prescrição dos crimes, e permitem que praticamente todas as condenações sejam revertidas em cestas básicas”, diz o diretor.

O documentário é mais uma iniciativa do movimento “Viva Vitão – Não espere perder um amigo para mudar a sua atitude”.  Ao longo do ano, o movimento organizou passeatas e conseguiu com que os jogadores dos maiores clubes de São Paulo entrassem com a bandeira do projeto em campo. E, o mais interessante, fechou parcerias com algumas casas noturnas da cidade para incentivar seus frequentadores a não associar bebida e direção: quem apresenta um boleto de táxi na hora de pagar a conta ganha desconto ou pega fila alternativa. 

“Estamos negociando, ainda, uma parceria com o DETRAN para exibir o documentário em toda a rede estadual e privada de ensino, além de faculdades e auto-escolas, tudo através da verba que eles possuem para a educação no trânsito. Se isso realmente acontecer, estaremos dando um passo para reverter essa cultura "velozes e furiosos", além de passar para os jovens conceitos importantes de convívio entre os mais diversos atores do trânsito: motoristas, ciclistas, pedestres e motociclistas”, comenta Serrano. 

Educação e punição, então, são as melhores soluções? “Sim, a educação é talvez o fator mais importante para mudar algo cultural como pretendemos. E, quando falamos em educação, não estamos apenas nos referindo à educação de base nas escolas e auto-escolas, mas também na sua vertente de conscientização, ou seja, a própria sociedade criando novos valores e doutrinando as atitudes de todos, reprimindo aqueles que tem atitudes erradas e incentivando aqueles que são conscientes. A provação social tem um papel muito importante nesse processo. Mas toda essa transformação cultural é algo que acontece a longo prazo, não é do dia para a noite, e até lá muitas vidas serão perdidas. É onde a a punição entra como um fator de coibição importante, que tem impacto sobre as pessoas a curto prazo, principalmente sobre aquelas que não estão dispostas a mudar de atitude através da educação, que são sensíveis somente ao medo de serem punidas.”

"Luto em Luta" entra em cartaz nos shoppings: Santa Cruz, Central Plaza, Intelagos, Aricanduva e Guarulhos. A classificação etária é LIVRE. 

Saiba mais sobre o Movimento Viva Vitão

 

fechar